Internacional

1.200 dias depois, a invasão da Ucrânia custou quase 1,5 milhão de mortos e feridos

A Ucrânia resiste, apesar da crueldade russa. (foto: Unicef)

A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, depois que a Rússia resolveu, sem motivo justificável e aparente, invadir o território ucraniano mais uma vez. A Rússia já havia invadido e anexado a península da Crimeia em 2014. O ditador russo Vladimir Putin chamou a invasão de “Operação Especial” e ameaçou com prisão os russos que a chamassem de guerra. Ontem, dia 8 de junho de 2025, contabilizamos 1.200 dias desde o início do conflito, que parece estar longe do fim.

A guerra da invasão começou em 24 de fevereiro, quando a Rússia adentra o território da Ucrânia em várias frentes, incluindo ataques a Kiev, Kherson e Mariupol. Em meados de março daquele ano, a ofensiva russa fica estagnada. Os ucranianos se mostram resistentes e, embora em menor número, demonstram força contra o inimigo. É nesta época que ocorre o massacre de Bucha. Após a retirada das tropas russas da cidade, foram descobertos centenas de corpos de civis, muitos com sinais de execução sumária. As imagens e relatos do massacre geraram forte condenação internacional e pedidos de investigação por crimes de guerra. Depois disso, as tropas russas se retiram da região de Kiev.

O mundo mostra-se incapaz de parar a Rússia. (foto: CNN)

A Ucrânia parecia estar só, mas aos poucos começam a chegar ajuda internacional, inclusive americana. Embora a ajuda tenha sido limitada, em setembro de 22, a Ucrânia retoma Kharkiv. No ano seguinte, logo no início, acontece a Batalha de Bakhmut, um dos combates mais brutais da guerra. Putin dizia que tomaria a Ucrânia em poucos dias, mas a guerra já se estendia por mais de um ano. Além da resistência da Ucrânia, o grupo de mercenários denominado Grupo Wagner fez um motim contra Moscou. Dois meses depois, o líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, morreu em 23 de agosto de 2023 em um suposto acidente de avião na região de Tver, Rússia. O jato particular em que ele estava caiu, matando todas as 10 pessoas a bordo, incluindo Dmitry Utkin, cofundador do grupo. Autoridades ocidentais especularam que a queda do avião pode ter sido causada por uma explosão a bordo, com assinatura de Vladimir Putin.

Rússia promoveu massacre em Bucha. (foto: UOL)

Em setembro de 2023, a Ucrânia inicia contraofensiva no sul, mas avança pouco. No ano seguinte, o conflito ganha corpo e drones ucranianos atingem instalações em Moscou. Em maio daquele ano, a Ucrânia intensifica ataques em Belgorod e Kursk, regiões de fronteira da Rússia. Neste ano de 2025, a Rússia intensifica ataques no leste da Ucrânia, especialmente na região de Donetsk, visando cidades estratégicas como Kramatorsk, Pokrovsk e Druzhkivka. Há também avanço russo em Sumy, com uma ofensiva inédita no nordeste da Ucrânia, marcando uma nova fase do conflito.

Nesse meio tempo, as negociações de paz atabalhoadas do presidente americano Donald Trump acabam em fracasso, principalmente porque focam na capitulação da Ucrânia e não na punição do invasor. A Europa aposta na capacidade bélica da Ucrânia, mas o EUA vacila. Em maio, Rússia e Ucrânia retomaram negociações em Istambul, com propostas de cessar-fogo e troca de prisioneiros, mas sem consenso definitivo. Vale lembrar que a Coreia do Norte é talvez o único país que ajuda abertamente a Rússia. O ditador Kim Jong-un prometeu apoio incondicional à Rússia, enviando milhares de soldados e fornecendo armamento para o Kremlin.

Civis são resgatados após ataques russo. (foto: Palinchak/Depositphotos)

A capacidade bélica da Ucrânia foi demonstrada com a Operação Teia de Aranha, um ataque surpresa contra bases aéreas russas em 1º de junho. A ofensiva utilizou 117 drones escondidos em contêineres transportados por caminhões para dentro do território russo. No momento do ataque, os drones foram ativados remotamente e lançados contra aeronaves estratégicas. Mais de 40 aeronaves russas, incluindo bombardeiros Tu-95 e Tu-22M3, foram danificadas ou destruídas nas bases aéreas em Irkutsk, Murmansk, Ivanovo, Dyagilevo e Belaya, algumas a mais de 4.000 km da Ucrânia.

Com o fim da guerra cada vez mais distante, o número de mortos e feridos atinge cifras assustadoras, principalmente do lado russo, conhecido pela sua capacidade de “moer carne humana” sem piedade. É difícil de mensurar com precisão a quantidade de baixas, pois tanto Rússia quanto Ucrânia evitam divulgar dados oficiais. No entanto, estimativas recentes indicam que as baixas russas já somam 950 mil soldados mortos ou feridos desde o início do conflito. As baixas ucranianas beiram 400 mil soldados mortos ou feridos. Do lado ucraniano há um número superior de mortes civis, já que a Rússia ataca impiedosamente regiões não-militares. Já são mais de 12 mil civis ucranianos mortos, segundo a ONU.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensk. (foto: Ronaldo-Schemidt/AFP)

A guerra continua intensa, com novos ataques e ofensivas em diferentes regiões, revelando a incapacidade do mundo em combater a criminosa invasão russa. As constantes ameaças do Kremlin em iniciar uma guerra nuclear fazem os líderes do mundo ocidental tremerem nas bases e levam tudo na diplomacia. A Rússia sabe disso e explora descaradamente. Mas o que a guerra está mostrando é que a capacidade bélica da Rússia é mais propaganda e a Ucrânia parece se apresentar como potência bélica do futuro. Se os líderes mundiais fossem mais corajosos e estivessem menos preocupados com cifras econômicas, talvez a guerra não tivesse chegado a estes 1.200 dias de angústia e sofrimento para o povo da Ucrânia, apesar do empenho de Volodmir Zelensk, líder ucraniano.

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