61 socos numa mulher pavimentam nosso caminho para a barbárie

O ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, foi preso após agredir sua namorada com 61 socos dentro de um elevador, deixando-a com o rosto desfigurado e múltiplas fraturas. A pergunta que fica é: o que aquela garota fez que justificasse tanta violência? A resposta é simples: na era em que vivemos, nada pode justificar a violência. A civilização indica que devemos procurar a Justiça. O Brasil tem leis para resolver todo e qualquer conflito, caso os agentes públicos não as deturpem. O Igor Eduardo foi preso em flagrante. As câmeras do elevador registraram tudo. Quando a Justiça entrou em cena, mais uma violência foi registrada. Após a prisão, Igor denunciou ter sido agredido por agentes penitenciários, que o teriam colocado nu em uma cela isolada e o espancado com socos, chutes e spray de pimenta. Isso não é Justiça! É vingança!
Infelizmente, esse caso é um retrato brutal da violência que ainda assola nossa sociedade — e sim, pode dar a sensação de que estamos regredindo em termos de civilidade e respeito à dignidade humana. É fato que a violência doméstica continua sendo uma tragédia cotidiana, muitas vezes ignorada até que casos extremos ganhem repercussão. Aí vem o Estado com sua resposta institucional — tanto no momento da agressão quanto na prisão — levanta sérias questões sobre o respeito aos direitos humanos, mesmo para quem comete crimes graves. Igor Eduardo tem que ser preso e condenado pelo que fez, mas o Estado não pode promover a brutalidade, seja ela cometida por um cidadão ou por agentes do Estado. A violência não pode ser normalizada. Quando a punição se torna vingança, o sistema perde sua função de justiça.
Esse episódio não é apenas sobre um crime hediondo — é sobre como lidamos com violência, trauma, justiça e humanidade. A barbárie não está só no ato em si, mas também na indiferença, na repetição e na falha em proteger e educar. É duro ver aqueles socos deferidos. Mexe com o nosso interior mais selvagem e nos lança ao ato de retribuir ao agressor o dobro ou o triplo da dor sofrida por aquela mulher. Mas nós somos uma civilização! Temos leis, normas de conduta, ciência das relações humanas, o Estado com seus poderes, exatamente para fugirmos da selvageria. As leis necessitam de aplicação precisa, ampla e universal. E o Estado precisa dar o exemplo. Caso contrário, era uma vez uma civilização chamada Brasil. E aí só restará o caos e a barbárie. Ainda há tempo.