Patos – Capital do sertão da Paraíba

Em mais um episódio da série BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea – hoje veremos a cidade de Patos, o quarto mais populoso município do estado da Paraíba. Patos é oficialmente a Capital do Sertão da Paraíba, por força da Lei Estadual nº 12.418, de 14 de outubro de 2022, considerada pelo IBGE um centro sub-regional. A cidade está localizada no vale do Rio Espinharas, circundada pelo Planalto da Borborema e pelo Pediplano sertanejo. A área territorial do município é de 472,892 km², abrigando uma população de 103.165 pessoas, o que perfaz uma densidade demográfica muito boa de 218,16 hab/km². Patos faz limites com os municípios de São José de Espinharas, São Mamede, São José do Bonfim, Cacimba de Areia, Quixaba, Santa Terezinha e Malta. Várias rodovias cruzam o município. Além da Transamazônica, tem a BR 361, BR 110 e a PB 228. A cidade é circundada pelo rio Espinharas e abastecida por dois grandes reservatórios de água: Açude Jatobá e a Barragem da Farinha. A população do município estimada para 2024 foi de 107.774 habitantes e sua distância para João Pessoa é de 306 kms.

A história de Patos teve início em meados do século XVII, quando membros da família Oliveira Ledo, que teve papel crucial na ocupação do sertão paraibano e do cariri, partindo da Casa da Torre de Garcia D’Ávila, no recôncavo baiano, desceram ao Rio São Francisco e chegaram ao lugar onde hoje se encontra edificado o município de Patos. A partir de 1664, os irmãos Antônio e Custódio de Oliveira Ledo instalaram a sua primeira fazenda de gado em torno de uma lagoa próxima ao Rio Espinharas, onde está hoje a cidade, mas a posse das terras não foi pacífica. Os Oliveira Ledo travaram renhida luta com duas aguerridas tribos indígenas que já habitavam aquela localidade: os Pegas e os Panatis, membros da grande família dos Cariris.

Em torno da fazenda e da lagoa do rio Espinharas formou-se um povoado, que pertenceu inicialmente à cidade de Pombal. Em 1788, foi criado o distrito com a denominação de Patos. Sua condição de município só ocorreu pelo Decreto de 13 de dezembro de 1832, desmembrado de Pombal. O município foi instalado em 22 de agosto de 1833, com a posse dos vereadores. Patos saiu da condição de vila para cidade pela Lei Estadual n.º 200, de 24 de outubro de 1903 e, em 1911, o município aparece com 2 distritos: Patos, a sede – e Passagem. Já em 1937, o município passa a ter 4 distritos: Patos, a sede – Cacimba de Areia, Passagem (que depois passa a ser Espinharas) e São José (que depois passa se chamar Mucunã). Em 1950, Patos passa a 5 distritos: Patos – a sede, Cacimba de Areia, Passagem (ex-Espinharas), Salgadinho e São José de Espinharas (ex-Mucunã). A partir daí, outros distritos são criados, como Santa Gertrudes, Santa Terezinha, Areia de Baraúnas e Jerimum, enquanto muitos dos seus distritos passam à condição de municípios. Hoje, Patos é constituído de apenas 2 distritos: Patos, a sede – e Santa Gertrudes.

A economia de Patos é vibrante e estratégica, especialmente por sua posição privilegiada no sertão paraibano e sua conexão direta com a BR-230, Rodovia Transamazônica. A rodovia funciona como uma verdadeira artéria econômica que liga o litoral ao interior, e Patos está bem no meio desse fluxo. Daí, fica fácil perceber que Patos se destaca nos setores de serviços, comércio, indústria leve e agropecuária. O setor de serviços lidera a geração de empregos formais, com milhares de admissões anuais. Vale lembrar que na questão do empreendedorismo, a cidade abriga mais de 9,5 mil empresas ativas, sendo 96% delas pequenos negócios, segundo o Sebrae/PB. Sua infraestrutura urbana é soberba, com a presença de universidades, centros comerciais e eventos como feiras agropecuárias que impulsiona a economia local. Em 2021, o PIB per capita era de R$ 18.329,13. Em 2024, o total de receitas realizadas foi de R$ 475.609.881,31, deixando-o em 5º lugar dentre os 223 municípios da Paraíba.

Para quem visita Patos, a cidade oferece uma mistura encantadora de fé, natureza e cultura sertaneja. Um dos pontos mais emblemáticos da cidade e o Parque Religioso Cruz da Menina, dedicado à memória de Francisca, uma menina cuja história comoveu a região. É um local de peregrinação, reflexão e belas paisagens. Tem a Pedra de Chico Cirilo, formação rochosa envolta em lendas locais e oferece uma vista privilegiada da cidade. Ideal para quem curte trilhas leves e quer se conectar com a natureza. Uma visita à Área de Lazer Arte da Natureza é boa sugestão, com espaço tranquilo para relaxar, fazer piqueniques e curtir o verde. Perfeito para famílias e para quem busca um refúgio natural dentro da cidade. Tem ainda o Serrote da Lagoa, mirante natural que proporciona uma vista panorâmica do sertão paraibano. Ótimo para fotos e contemplação ao pôr do sol. Há a Pedra branca, ponto de interesse geológico e paisagístico, ideal para quem gosta de explorar formações naturais e curtir o silêncio do sertão. No Açude Grande Pitombas, reservatório que virou ponto de lazer e contemplação, nos períodos de cheia, é comum ver moradores pescando ou apenas aproveitando a brisa. Por fim, vale uma visita ao Obelisco à Rôh, localizado no centro da cidade, construído para celebrar o eclipse solar de 1919, quando Patos foi escolhida como um local ideal para observação por cientistas de todo o mundo, incluindo a National Geographic. Esse monumento homenageia figuras importantes da história local. É um bom ponto de partida para explorar o centro histórico. Para encerrar, se a fome aparecer, é bom lembrar que Patos é a Terra da Galinha de Capoeira, símbolo da culinária nordestina. Um prato com tal iguaria não tem outra classificação a não ser algo especialmente saboroso, raro e refinado.