BR 230: de Cabedelo a Lábrea

Sousa – Paraíba

Sousa-PB une a forte tradição religiosa com a diversidade econômica. (Foto: Landisvalth Lima)

Chegamos a mais um capítulo da série BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, e hoje conheceremos um município extraordinário: Sousa, na Paraíba, distante 432 quilômetros de João Pessoa. Sousa tem uma área territorial de 728,492 km², que abriga uma população de 67.259 pessoas, segundo o censo de 2022, o que faz uma densidade demográfica de 92,33 habitante/km². O município faz limites com Vieirópolis, Lastro, Santa Cruz, Nazarezinho, São José da Lagoa Tapada, São Francisco, Aparecida, Marizópolis e São João do Rio do Peixe. Sousa está situada às margens do rio do Peixe e é servida pela rodovia Transamazônica, além das estaduais PB 380, PB 383, PB 384, PB 348, PB 391 e PB 359. Para este ano de 2025, o IBGE estimou sua população em 70.066 pessoas.

A Igreja do Rosário dos Pretos preserva a memória dos tempos iniciais de Sousa, na Paraíba. (Foto: Landisvalth Lima)

A história de formação de Sousa começa   com o início da colonização do oeste da Paraíba, da região às margens do rio do Peixe. Colonos vindos da Bahia, Pernambuco e São Paulo conquistarem a amizade dos índios Icós e desbravaram estes sertões nos séculos XVI e XVII com significativo esforço humano. Foi o sertanista Sargento-Mor Antônio José da Cunha que, em 1691, descobriu um riacho denominado Peixe, habitado pela nação indígena Icó Pequeno. Em 1708, José da Cunha pleiteou uma sesmaria do então governador João da Maia da Gama e foi atendido. Outros sertanistas vieram para a região e instalarem suas fazendas. Coube ao franciscano Frei João de Matos Serra, nos idos do ano de 1700, aldear os índios sobreviventes, dando os primeiros passos para a organização da futura Vila.

Igreja Matriz de Santa’Ana em Sousa-PB. (Foto: Landisvalth Lima)

Em 1723, chegaram os irmãos Francisco e Teodósio de Oliveira Ledo, que conseguiram território da Casa da Torre da Bahia, e se tornaram senhores dos vales constituídos pelos rios do Peixe e Piranhas. O processo de habitação aconteceu vagarosamente, mas de forma constante. Nessa época, o lugarejo contava com uma população de 780 habitantes. A fertilidade do solo atraiu mais interessados no cultivo das terras. Bento Freire de Sousa e José Gomes de Sá por aqui instalaram suas fazendas. Assim, o povoado se desenvolvia e, em 1730, contava com 1.468 habitantes, segundo informações do Cabido de Olinda. Esse crescimento chamou a atenção de Bento Freire que, residindo na Fazenda Jardim, tomou a iniciativa de organizar um povoado. Bento Freire pleiteou uma concessão, deslocando-se à Bahia a fim de obter da Casa da Torre a doação da sesmaria cujas terras seriam patrimônio de Nossa Senhora dos Remédios. Conquistado o pleito, coube a Bento Freire erguer a primeira capela em louvor a Nossa Senhora dos Remédios – atual Igreja do Rosário dos Pretos. Bento Freire tornara-se o primeiro administrador do patrimônio da Freguesia de Nossa Senhora dos Remédios do Jardim do Rio do Peixe, agora um povoado.

A antiga povoação de Jardim do Rio do Peixe se transformou num grande centro regional. (Foto: Landisvalth Lima)

As terras do antigo Jardim do Peixe pertenciam a Casa da Torre, do coronel Francisco Dias D’Ávila, que as doou ao patrimônio de Nossa Senhora dos Remédios, em 1740, por solicitação de Bento Freire. Porém, tudo só se efetivou em 1760, com muitas idas e vindas de Bento Freire à Bahia. Ele administrou o Patrimônio até 1765, coroando com sucesso um esforço de quase meio século de luta para erguer o que viria a ser o município de Sousa. O povoado do Jardim do Rio do Peixe, nome primeiro do lugar, foi elevado à categoria de Vila, na Carta-Régia de 22 de julho de 1766. Mesmo ostentando a condição de distrito, permaneceu o povoado com o seu nome primitivo de Jardim do Rio do Peixe. Em 1784, a Matriz de Nossa Senhora dos Remédios foi desmembrada da de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal.

Prédios antigos foram restaurados para preservar a cultura do povo de Sousa, na Paraíba. (Foto: Landisvalth Lima)

No dia 4 de junho de 1800, o Ouvidor Geral, José da Silva Coutinho, instala oficialmente a Vila Nova de Sousa através da Resolução do então Governador de Pernambuco, datada de 26 de março de 1800, após pleito da comunidade através de requerimento encabeçado por Patrício José de Almeida, Matias de Figueiredo Rocha e Pe. Manoel Vieira da Silva. Um dia antes, o Capitão Alexandre Pereira de Sousa fez uma doação de terras para o patrimônio do crescente povoado. Foi através da Lei Provincial de nº 28, de 10 de julho de 1854, que a Vila de Sousa foi elevada à categoria de cidade passando, na oportunidade, a denominar-se Sousa, conhecida hoje por Cidade Sorriso.

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Todos os municípios vizinhos de Sousa nasceram em seu território e a vasta área se resume hoje a apenas um único distrito sede. Isso acabou transformando a cidade num centro regional com forte comércio, indústria de bom porte e agropecuária pujante. Visitar hoje Sousa é ter a certeza da existência de um leque de atrações que misturam história, natureza e fé — tudo isso com aquele charme acolhedor do sertão. Só para não dizer que não foi falado, há o Vale dos Dinossauros – Um museu ao ar livre onde você pode caminhar entre pegadas reais de dinossauros fossilizadas. Além do museu, essa área protegida oferece trilhas e paisagens naturais incríveis, perfeitas para quem curte ecoturismo. É uma viagem no tempo que encanta adultos e crianças. Cabe uma visita à Estátua – Santuário de Frei Damião – Um espaço de devoção e contemplação, com uma vista panorâmica da cidade. Ideal para quem busca paz e espiritualidade. Também vale uma visita ao Memorial Antônio Mariz – Um espaço dedicado à memória de um dos políticos mais influentes da região. Um mergulho na história local. Também registramos a Barragem de São Gonçalo – Um lugar tranquilo para apreciar a natureza, fazer um piquenique ou simplesmente relaxar com o som da água. Se você gosta de festa, não se esqueça da Festa do São Julho de Sousa, com música, dança e comidas típicas. É o coração cultural da cidade pulsando forte. Aliás, só de chegar na entrada da cidade, com aquele portal magnífico – um marco simbólico que dá boas-vindas à cidade, qualquer um já sente vontade de entrar ou parar para aquela foto de chegada! No centro da cidade, há o Letreiro – Sousa, Cidade do Milagre Eucarístico – Um ponto turístico que celebra a fé e a identidade religiosa da cidade. Ótimo para fotos e reflexão.

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