Segurança Pública

Ainda estamos em guerra!

Atlas da Violência do Ipea revela dados preocupantes sobre o Nordeste da Bahia

Euclides da Cunha- Bahia. (Foto: PMEC)

Apesar de os dados mais recentes apresentarem pontos positivos, um apanhado mais minucioso mais mostra uma mistura de avanços e desafios persistentes. Os principais pontos com base no Atlas da Violência 2025, produzido pelo Ipea e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que estamos melhorando na redução dos homicídios. A taxa nacional caiu para 21,2 por 100 mil habitantes em 2023 — o menor índice em 11 anos. Também houve queda nas mortes violentas, uma redução de 30% desde 2017. Vale completar com um dado muito bom: avanço nas políticas públicas. O relatório destaca uma “revolução silenciosa” na segurança pública, com foco em prevenção, inteligência e gestão por resultados.

Mas, como tudo tem um porém, há ainda desafios que são persistentes. Os chamados homicídios ocultos azedam nossa esperança. Mais de 50 mil mortes violentas foram classificadas como “causa indeterminada” entre 2013 e 2023, o que comprometem a precisão dos dados. Também há a questão das desigualdades estruturais. A violência continua afetando desproporcionalmente populações vulneráveis — negros, mulheres, LGBTQIAPN+, indígenas, idosos e pessoas com deficiência. E para tirar nossa esperança no futuro, a violência digital e no trânsito crescem de forma assustadora. Por fim, para orgulho dos adeptos, a presença de armas de fogo ainda é um fator relevante na letalidade dos crimes.

Ribeira do Pombal – Bahia

Para não desesperar o nosso leitor, vamos dar uma passada pela Bahia, que, como todos já sabem, lidera o ranking nacional de homicídios e é medalha de ouro na violência no Brasil. São 6.616 mortes violentas em 2023, superando o Rio de Janeiro em 55,1%. Não é nenhuma novidade afirmar que os jovens negros são os mais afetados, com taxa de homicídios entre homens de 15 a 29 anos chegou a 220,6 por 100 mil habitantes. As armas de fogo predominam: 36,6 homicídios por 100 mil habitantes foram cometidos com armas de fogo. E para que sintamos orgulho negativo do estado, o feminicídio está em alta, com a Bahia entre os quatro estados com maiores taxas.

Mas há números positivos na nossa Bahia. Os homicídios ocultos caíram 45,9%, indicando melhora na classificação dos dados. A SSP-BA registrou redução de 7,3% nas mortes violentas no primeiro semestre de 2025 comparado a 2024 e Salvador teve queda de 16,6% nos homicídios; no interior foi 4,1%. Também a apreensão de armas aumentou 18,4%, com 3.711 armas retiradas de circulação. Até aqui, houve prisões e operações contra facções, com 30 líderes detidos.

Para completar a informação, pegamos 3 municípios da nossa região: Cícero Dantas, Ribeira do Pombal e Euclides da Cunha. As notícias não são boas.

Cícero Dantas – Bahia. (Foto: Jefferson Cardoso)

Cícero Dantas teve um aumento preocupante da violência. Foram 10 homicídios em 2023, contra 3 em 2022 — um salto de 233%. Facções criminosas são apontadas como principal causa do aumento porque, dos crimes registrados, cinco têm suspeita de envolvimento com o crime organizado. Além disso, três foram cometidos com arma de fogo e outros três com faca. Triste é saber que a média de idade das vítimas é de 31 anos e 75% delas eram brancas e 25% negras.

Em Ribeira do Pombal o destaque fica com as operações policiais. Em 2024 foram cumpridos mandados de prisão contra indivíduos envolvidos em roubo e violência doméstica. A cidade foi alvo da Operação Sertões, que investigou policiais militares por homicídios e envolvimento com grupos criminosos. Houve ainda um caso de extorsão organizada. Uma família foi investigada por extorsão armada e cobrança de empréstimos com juros abusivos, resultando na apreensão de mais de R$ 12 milhões.

O número crescente de feminicídio preocupa. (Foto: Fundação Astrojildo Pereira)

Por fim, Euclides da Cunha que registrou homicídios ligados à polícia. Entre 2019 e 2023, cinco assassinatos foram atribuídos a policiais militares investigados por execuções e abuso de poder. O cardápio violento se completa com crimes financeiros e extorsão. Também envolvida na Operação Laksya, ocorreram apreensões milionárias e suspeita de organização criminosa familiar.

Ou seja, como conclusão, o Brasil está, sim, apresentando sinais de melhora em alguns indicadores de violência, especialmente homicídios. No entanto, a persistência de desigualdades e a subnotificação de crimes graves mostram que ainda há muito a ser feito. A tendência é positiva, mas exige atenção contínua e políticas públicas bem direcionadas. Na nossa Bahia, como um todo, mostra sinais de melhora em 2025, com queda nos homicídios e maior atuação policial, mas na nossa região, porém, vivemos um momento crítico, com aumento da violência ligado a disputas entre facções, consideráveis casos de extorsão e homicídios ligados à polícia.

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