BR 230: de Cabedelo a Lábrea

Oeiras – a 1ª cidade do Piauí

Monumento a Nossa Senhora das Vitórias em Oeiras – Piauí. (Foto: Landisvalth Lima)

Em mais um novo episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, Contraprosa chegou ao município de Oeiras, no estado do Piauí. E não foi uma chegada a uma cidade comum, mas à primeira capital do estado do Piauí. Começamos a visita pelo monumento a Nossa Senhora da Vitória, estátua trazida de Portugal e erguido em 1733, como parte da construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, localizada na Praça da Matriz, e é um dos principais marcos históricos e religiosos da cidade. A construção da igreja começou em 1733, substituindo uma antiga ermida inaugurada em 1697, um ano após a criação da Freguesia de Nossa Senhora das Vitórias. Nossa Senhora da Vitória está vinculada ao catolicismo português, ligada à vitória na Batalha de Aljubarrota, em 1385, e introduzida no Brasil pelos colonizadores. É a padroeira de Oeiras.

Museu de Arte Sacra de Oeiras – Piauí. (Foto: Landisvalth Lima)

Oeiras, a antiga capital do Piauí, tem uma população de 38.161 pessoas, segundo dados do censo de 2022, vivendo numa área territorial de 2.703,138 Km2, o que representa uma densidade demográfica de 14,12 hab./Km2. O município faz limites com Colônia do Piauí, Wall Ferraz, Santa Cruz do Piauí, São João da Varjota, Ipiranga do Piauí, Inhuma, Novo Oriente do Piauí, Barra D’Alcântara, Várzea Grande, Tanque do Piauí, Santa Rosa do Piauí, Cajazeiras do Piauí, Nazaré do Piauí e São Francisco do Piauí. Fica distante de Teresina por 313 kms e sua população estimada para este ano de 2025 foi de 39.687 pessoas. Além da Transamazônica, Oeiras, que é o principal centro regional da microrregião, é servido pelas rodovias estaduais PI 143 e PI 236, todas em bom estado de conservação.

Igreja dedicada a Nossa Senhora das Vitórias em Oeiras – Piauí. (Foto: Landisvalth Lima)

Comecemos a entender a história de Oeiras pelo significado do nome. Segundo o estudioso José Pedro Machado, Oeiras significa mina de ouro, mas a história não tem relação com a corrida do ouro. Foi uma homenagem ao então Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal e também pelo costume de se colocar nome de cidades portuguesas. Oeiras foi fundada por vaqueiros que estabeleceram fazendas de gado na região, dando origem aos primeiros núcleos populacionais do Piauí. Foi a primeira vila, a primeira cidade e primeira capital do Estado do Piauí.

Praça das Vitórias em Oeiras – Piauí. (Foto: Landisvalth Lima)

Fundada em 1695, Oeiras começou como um núcleo de vaqueiros que se estabeleceram na região para criar gado. A abundância de terras férteis e água favoreceu a fixação de fazendas, que deram origem aos primeiros núcleos populacionais do Piauí. Em 1712, foi elevada à categoria de vila com o nome de Mocha, por Carta Régia de 30 de junho daquele ano. A vila foi instalada em 26 de dezembro de 1717, portanto, mais de 5 anos depois. Na segunda metade do século 18, Mocha é elevada à condição de cidade com a mesma denominação, por Carta Régia de 19 de junho de 1761. Meses depois, um ato de 13 de novembro de 1761, o município de Mocha passou a denominar-se Oeiras e virou capital da antiga província até ao ano de 1852. Teresina virou a nova capital por estar mais próxima do rio Parnaíba e facilitar o acesso ao Maranhão.

Por seu conjunto arquitetônico, Oeiras é uma cidade monumento. (Foto: Landisvalth Lima)

Oeiras teve papel relevante nas guerras de Independência, sendo um centro de articulação política e militar. O livro História de Oeiras: chão de convictos, república de contingentes, do professor Antônio Fonseca dos Santos Neto, reúne crônicas e artigos sobre a trajetória da cidade, abordando desde sua fundação até os aspectos culturais e sociais contemporâneos. A cidade também se destacou como berço da intelectualidade piauiense, com forte presença de religiosos, professores e escritores. A religiosidade é marcante, com destaque para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e as celebrações da Semana Santa, que atraem visitantes de todo o estado.

Tombada pelo IPHAN, Oeiras tem seu centro histórico bem cuidado. (Foto: Landisvalth Lima)

Todo o patrimônio e identidade de Oeiras estão ligados aos seus monumentos. A localidade foi declarada Cidade Monumento Nacional em 1989, graças ao seu conjunto arquitetônico colonial, com igrejas centenárias e casarões históricos. Em cada esquina, a cidade parece dialogar com Domingos Jorge Velho – o bandeirante que participou da colonização do sertão nordestino e influenciou o povoamento da região; Padre José de Carvalho – figura central na organização religiosa e social de Oeiras no século XVIII, responsável por fortalecer a fé católica e fundar instituições religiosas. Não pode também jamais ser esquecido o Barão de Parnaíba – político e líder local que teve papel importante na adesão do Piauí à Independência do Brasil em 1823 e Antônio de Morais Correia – historiador e escritor que documentou aspectos da vida oeirense e contribuiu para preservar a memória da cidade.

Clique na imagem acima para assistir ao documentário no YouTube.

Chegar em Oeiras requer tempo para conhecer tudo, principalmente quando se trata da religiosidade. A cidade é vista como um palco de fé plural, onde diferentes expressões religiosas coexistem e se entrelaçam com a cultura e a resistência popular. Oeiras é conhecida de forma justa como a Capital da Fé do Piauí, e sua história é marcada por personagens influentes e tradições religiosas que moldaram a identidade cultural da cidade. Não se pode esquecer a sua Semana Santa, considerada a maior celebração religiosa do estado. A programação começa cerca de um mês antes da Páscoa. Além disso, há a Procissão do Fogaréu, a Via Sacra pelas ruas de pedras e a Festa de Nossa Senhora da Vitória, padroeira de Oeiras, celebrada com novenas, missas e cortejos que misturam religiosidade e cultura popular.

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