PF investiga suspeita de venda de sentenças no STJ
Enquanto nas prefeituras e câmaras de vários municípios a corrupção corre solta, no andar de cima os exemplos não são bons. Deu no jornal O Globo que a Polícia Federal encontrou indícios de um repasse de 1,12 milhão de reais à advogada Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi, no celular do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, pivô do esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Isto tudo estava em um relatório parcial anexado aos autos do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.
Segundo o jornal, a PF encontrou uma foto da mensagem sobre o repasse na galeria de imagens do celular de Andreson.
“Dra eu transferi para a sua conta e da KATARINA [sic] Buzzi R$ 1.120.000,00. No caso que estamos tratando. A promessa de trabalho era outra e posso provar. Nesse caso como não foi cumprido. Peço de imediato a restituição dos meus valores [sic]. Caso isso não aconteça irei buscar os meios legais da lei [sic] para rever e expor a minha situação. Esperava de vcs o cumprimento do que havíamos tratado. Fico no aguardo do meu ressarcimento imediato”, diz a mensagem atribuída a uma pessoa identificada como Carlos Chaves.
Além da ameaça, a PF achou o print de uma transferência no valor de 500 mil reais identificada como “pagamento de honorários”.
A PF solicitou autorização ao ministro Cristiano Zanin para aprofundar a investigação sobre a possível atuação de Catarina Buzzi no esquema de vendas de decisões judiciais no STJ, afirmou o Estadão. Segundo os investigadores, o empresário Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource, tinha “influência direta” em gabinetes do STJ, citando a proximidade dele com a filha do ministro Marco Buzzi. Em um celular apreendido, a PF encontrou conversas entre Haroldo Augusto Filho, alvo de busca e apreensão em novembro de 2024, e a advogada.
Ao Globo, a defesa de Catarina Buzzi afirmou que que sua cliente “não fez nenhuma transação, promessa ou serviço e nem recebeu qualquer valor dos personagens mencionados”.
“A advogada não se responsabiliza por conversas de terceiros em WhatsApp, sobretudo conversas sem relevância jurídica. É importante também deixar claro que a advogada não é alvo de nenhuma investigação supervisionada pelo Supremo Tribunal Federal ou qualquer outra instância”, acrescentou.
Sobre o aprofundamento das investigações, os advogados da filha de Marco Buzzi classificaram a vinculação do nome de Catarina Buzzi à investigação como “descabida e maliciosa”.
Imagem destacada: A advogada Catarina Buzzi e o seu pai, o ministro Marco Aurélio Buzzi, do STJ. (Foto: Metrópoles)
