Os culpados da falta de rateio do Fundeb
O rateio do Fundeb em Heliópolis (BA) não vai ocorrer porque não há sobras de recursos a serem distribuídas. E por que não há sobra? O gato comeu! E a culpa é de quem? São vários os culpados!
Os primeiros culpados são aqueles nobres cidadãos que se submeteram a transferir o seu voto para o município em troca de alguma coisa. Parte da sobra do Fundeb está sendo usada para esse fim.
Se há mercadoria é porque há compradores! Aquele empresário, comprador de votos, criador de empresas fantasmas também tem parcela considerável de culpa. E, para ser sincero, é talvez o menos culpado. Só compra a droga quem é viciado nela.
Não vou aqui perder meu tempo baixando o porrete no prefeito municipal. Todos conhecem Mendonça. Ele quebrou uma farmácia, quebrou uma lotérica e foi capaz de locar o próprio carro quando presidente da Câmara Municipal de Heliópolis. Num país sério, uma pessoa assim estaria bem distante de qualquer relação com a coisa pública. É o culpado clássico que pratica o pecado autorizado.
Os outros culpados são os vereadores. Os encastelados no poder baixam a cabeça e se submetem para se empanturrarem com as delícias do alto escalão. Estão gordos, inchados das farturas, com os cérebros ladeados de gorduras que impedem o pensar e exaltam apenas o servir, o idolatrar. Os que formam a suposta oposição também têm sua parcela de culpa, seja por inaptidão, má vontade, desorganização, falta de conhecimento ou por contaminação da virose do populismo.
Se formos aqui enumerar os culpados todos, passaríamos horas e chegaríamos até ao TSE. Até mesmo nós somos culpados porque continuamos a não exigir seriedade e compromisso dos políticos. Votamos no calor da disputa e elegemos muitos incompetentes e descompromissados com a coisa pública.
Entretanto, de todos os culpados, há uma classe que está silenciosa. A empresa Atena, contratada da prefeitura municipal de Heliópolis, realizou gastos de quase R$ 400 mil em despesas genéricas com recursos do Fundeb no mês de setembro deste ano. Outros gastos foram realizados com a mesma fonte de recursos ao longo do ano, contribuindo com o desaparecimento das sobras do fundo. Nenhuma palavra por parte dos professores ou do sindicato representativo da classe. Parece até que o Sindheli não existe mais.
Atena era a deusa grega da sabedoria, da justiça, das artes e da guerra estratégica, filha de Zeus e Métis. Nascida da cabeça de Zeus, tornou-se uma das divindades mais veneradas da Grécia Antiga e equivalente à deusa romana Minerva. Uma empresa com esse nome em Heliópolis saca os recursos que dariam um Natal melhor aos educadores. Estes, por sua vez, preferem Harpócrates, versão grega do jovem deus egípcio Hórus, considerado o deus do silêncio, do segredo e da confidencialidade. Que ironia!
Talvez, a diretoria do Sindheli esteja praticando o sentimento de culpa ou expiação. Não há um deus específico, mas esse domínio se relaciona com divindades ligadas à penitência, à purificação e ao submundo, como Hades e as Erínias, que puniam crimes e atormentavam os culpados. Sim, culpados por abraçar uma causa fadada ao fracasso desde sua origem.
