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Bernardino, o padre que usou a fé para praticar abusos sexuais em crianças

Padre Bernardino (Foto: Charles Torres)

No dia 10 de setembro de 2024, o MG1, da TV Globo, exibiu uma reportagem com denúncias de diversas vítimas acusando o Padre Bernardino Batista dos Santos, então com 77 anos, de abusar sexualmente de crianças. No dia 23 de outubro do ano passado, o religioso foi preso na casa dele, em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje ele é denunciado por diversos abusos sexuais contra crianças e adolescentes e aguarda julgamento em casa, com uso de tornozeleira eletrônica. As investigações apontaram que o suspeito teria feito pelo menos 50 vítimas entre os anos de 1975 e 2016.

No início do processo, o padre quase escapou da justiça porque os crimes estavam prescritos. Na esfera judicial, por serem denúncias do início dos anos 2000, essas vítimas não se beneficiam da mudança no Código Penal sobre os crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Desde 2012, a contagem para prescrição passou a ser calculada a partir de quando as vítimas completam 18 anos, e não mais da data do abuso. O padre foi denunciado por diversos abusos contra crianças de 3 a 11 anos entre 1999 e 2001. A denúncia que levou à abertura do inquérito policial em 2021, no entanto, é referente a uma mãe de menina que relatou um caso durante uma excursão para um sítio em Tiros em 2016. Em nota, a defesa do Padre Bernardino diz que ele nega as acusações e que confia na imparcialidade da justiça.

Há relatos de que os crimes ocorridos entre 1999 e 2001 aconteceram num sítio de Tiros e também de quando ele era diretor da escola infantil e padre da Paróquia Nossa Senhora Medianeira e Santa Luzia, no bairro Paraíso, na Região Leste de Belo Horizonte. Uma das meninas relatou o caso à mãe e outras testemunhas também presenciaram o choro desesperado da criança depois do crime. Bernardino sempre negava e tirava a credibilidade da criança. Ainda em 2021, uma investigação foi aberta pela Arquidiocese de Belo Horizonte. A comissão de proteção a menores fez o acolhimento e escuta das denunciantes.

Um processo penal instituído pelo Tribunal Eclesiástico foi concluído e encaminhado à Roma, na Itália. O processo foi analisado pelo Vaticano, que confirmou a decisão da Arquidiocese, determinando o afastamento definitivo do ofício sacerdotal. Apesar disso, no catálogo de 2024 da Arquidiocese, publicado em janeiro, o padre aparecia como capelão da penitenciária feminina no bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte. Após o questionamento, a Arquidiocese retirou o nome dele do documento. Hoje, Bernadino é um ex-padre e está indiciado por estupro de vulnerável, em mais um caso escandaloso do uso da fé para exploração sexual de crianças e adolescentes.

Fontes: G1 e UOL.

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