Um Lugar no Sertão

Conceição da Feira – BA

Centro de Conceição da Feira-Ba.

Neste episódio de Um Lugar no Sertão, vamos conhecer uma simpática cidade. Trata-se de Conceição da Feira, distante da BR 101 por apenas 4 km, ligada pela rodovia BA 502, que também une a cidade a São Gonçalo dos Campos. Sua população no censo de 2022 foi de 20.800 pessoas, espalhadas num território de 164,798 km², o que resulta numa densidade demográfica de 126,22 habitantes por quilômetro quadrado. Sua população estimada para 2024 foi de 21.499 pessoas. Conceição da Feira faz limites com os municípios de São Gonçalo dos Campos, Cachoeira, Governador Mangabeira, Cabaceiras do Paraguaçu e Antônio Cardoso. A distância para Salvador é de 120 km.

A história de Conceição da Feira começa com a penetração em suas terras por indivíduos vindos não se sabe de onde, que aí se estabeleceram e fundaram um Povoado. Mais tarde, o coronel Manuel de Araújo de Aragão Correia, proprietário das terras denominadas Saco, distantes duas léguas da freguesia sediada na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, graças ao seu espírito religioso, ergueu no ano de 1675 uma ermida que dedicou à Nossa Senhora da Conceição. Essa ermida, conforme noticiou o Padre Antônio Pereira, então Vigário da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, situada na Vila de Cachoeira, ficou anexada àquela Paróquia, por mandato do Arcebispo da Bahia, D. Sebastião da Vide.

Igreja Matriz de Conceição da Feira

A ideia de fundação de nova Capela veio de Manuel Fernandes da Costa e sua mulher, D. Antônia Florinda de São José, que a construíram em terreno doado à Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, segundo escritura lavrada em 06 de outubro de 1830 na então Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, por José Leonardo Muniz Barreto. Foi esse local escolhido para a construção da segunda capela, não só em virtude de estar no entroncamento de duas estradas reais, movimentadas, a do Sertão e a do Nordeste, mas também pelo fato de possuir ótimas nascentes d’água, até hoje consideradas da melhor qualidade pelo aspecto cristalino, atraindo pouso de tropas.

A prefeitura caprichou nos enfeites para a festa de São João.

Terminada a construção da capela, por Manuel Fernandes da Costa e sua mulher, começou a se desenvolver em redor dela a povoação. Apareceram a feira, a casa de negócio e surgiu o Arraial Nossa Senhora da Conceição Nova da Feira. Terminada a construção do segundo templo, a capela inicial estava arruinada. Manoel Fernandes da Costa e sua mulher encaminharam petição ao representante da Província da Bahia, com resultado favorável, dizendo estar a mesma capela com a necessária decência para se celebrarem os ofícios divinos. Nela foi erigida a Matriz, que veio a ser Freguesia e teve padre designado. O argumento fatal foi a distância de duas léguas da Freguesia Matriz daquela Cidade de Cachoeira a que pertencia.

Assim, foi a capela, consagrada a Nossa Senhora da Conceição, elevada à categoria de Freguesia pela Lei Provincial nº 275, de 25 de maio de 1847, que criou também o Distrito de Paz de Conceição da Feira, subordinado à Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira. O Arraial foi elevado à categoria de Vila de Conceição da Feira pela Lei Estadual n° 1.879, de 23 de julho de 1926, que também criou o Município de igual nome, com os limites do seu Distrito de paz e território desmembrado da Comarca de Cachoeira. A instalação solene do município se deu às treze horas do dia 17 de outubro de 1926.

Na era Vargas, foi o Município suprimido pelos Decretos estaduais de nº 7.455, de 23 de junho de 1931, e de nº 7.479, de 08 de julho do mesmo ano, tendo este último reanexado o distrito ao município de Cachoeira. Como a reação foi imediata, aconteceu a restauração da condição de município no mesmo ano, com os limites anteriores, pelo Decreto Estadual nº 7.629, de 16 de setembro de 1931, composto de apenas um distrito sede. Sua condição de cidade ocorreu em Decreto Lei Estadual nº 10.724, de 30 de março de 1938.

Mas a peleja estava só começando. O Decreto Lei Estadual nº 141, de 31 de dezembro de 1943, fixou o quadro da Divisão Judiciária Administrativa da Bahia, extinguindo o Município de Conceição da Feira e seu território anexado ao município de Cachoeira mais uma vez. O povo não engoliu a desfeita e, um ano depois, foi restaurado pelo Decreto Estadual nº 12.978, de 1º de junho de 1944, que retificou a divisão, ficando, assim, Conceição da Feira, em 1944  a 1948, composta, apenas, do Distrito Sede, ao qual se incorporou parte de Afligidos, do Município de São Gonçalo dos Campos.

Parte do centro de Conceição da Feira.

Hoje, é desnecessário dizer a importância de Conceição da Feira para toda a região de Feira de Santana. Além do seu comércio ativo e da agricultura, há inúmeros atrativos turísticos, como as paisagens naturais da Serra da Putuma e do Rio Paraguaçu, com passeios de barco. Além disso, o patrimônio arquitetônico da Igreja Matriz de Senhora da Conceição, Praça da Matriz, Praça da Bandeira e Conceição Velha. O município também é conhecido pelo samba de roda e festejos tradicionais, como o São João, através do Arraiá do Xamengo.

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