Governador Mangabeira

Neste mais novo episódio de Um Lugar no Sertão, conheceremos o simpático município de Governador Mangabeira, distante cerca de 6 km a sudoeste de Cachoeira. O território faz limites com Muritiba, Cabaceiras do Paraguaçu, Conceição da Feira, São Félix e Cachoeira, distante de Salvador por 120 km. A área Territorial de Governador Mangabeira é de 106,848 km², abrigando uma população, no último censo de 2022, de 20.605 pessoas, perfazendo uma densidade demográfica muito boa de 192,84 hab/km². Para o ano de 2024, o IBGE estimou sua população em 21.314 pessoas.

A história da formação de Governador Mangabeira data desde o tempo em que o local era usado como estrada de bandeirantes, quando servia de passagem e local de descanso de portugueses, que aportavam na Bahia e iam para o Sul e Sudeste do país em busca de riquezas. Com o passar do tempo, o fluxo foi aumentando e os bandeirantes construíram um pequeno adro. Os jesuítas, que também já chegavam por aqui, fizeram uma casa para descansar, uma casa de orações e um cemitério, área onde hoje é a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Certo dia, em um ponto desta estrada, foram encontradas três cabeças humanas, enfiadas em estacas, o que fez com que o local passasse a ser conhecido como Cabeças. Apesar de o nome nascer de uma tragédia, o local passa a ser região de produção de tabaco e, em 1881, através da lei provincial número 2.149, o distrito de Paz de Cabeças é constituído, pertencente ao município de Cachoeira. A partir de 1889, Cabeças passou a pertencer a São Félix, já que um decreto assinado pelo Governador do Estado da Bahia, Dr. Manuel Vitorino, cria a cidade de São Félix, a primeira vila constituída no Estado da Bahia no regime Republicano. Em 1919, com a transformação de Muritiba em cidade, Cabeças se tornou distrito dessa cidade, e permaneceu nessa condição até sua emancipação.

Por volta do ano de 1934, o arraial passou a ser Vila. Nesta época, havia apenas quatro ruas: Rua Principal, hoje Rua José Martins; Rua de Baixo, atualmente Rua João Altino da Fonseca, Rua das Bananeiras, atual Rua César Martins; e Rua de Cima, que hoje é a Rua 2 de Julho. A maioria das ruas da cidade homenageia pessoas e datas marcantes na sua história. Em 1934, Otávio Mangabeira volta ao Brasil do seu primeiro exílio em Portugal e, como candidato a deputado federal, formou uma comitiva que veio de navio até a Cidade de Cachoeira, e seguiu até as cidades vizinhas de São Félix e Muritiba, onde realizou contatos políticos. Chegando, no final da tarde, ao Distrito de Cabeças, foi recepcionado pela família Fonseca, tendo pernoitado na residência do Sr. José Fonseca, que mais tarde viria ser a sede da Prefeitura Municipal.

No ano de 1959, a coletoria de Cabeças, que funcionava em Muritiba, passou a funcionar no Distrito de Cabeças, quando a receita do distrito foi aumentada vertiginosamente, o que possibilitava sonhar com a emancipação do município. Para tal, foi fixada uma campanha de conscientização, para que os impostos recolhidos pela venda do fumo – o principal produto comercial – não se realizasse em Cruz das Almas, para onde eram destinados, e sim no Distrito.

Enoque Fonseca, que viajava como comerciante, encontrou um grupo de pessoas na loja de Antônio Martins, falando da satisfação da luta pela emancipação política, e que o nome de Otávio Mangabeira seria de grande utilidade para o povo. Antônio Martins combateu a sua ingerência e Agnaldo Viana Pereira argumentou que, mesmo não sendo filho do distrito, tinha ciência de que o maior prédio escolar ali existente – Escolas Reunidas José Bonifácio – foi adquirido e construído pelo então prefeito de Muritiba, com verbas conseguidas junto ao então Governador Otávio Mangabeira. O argumento convenceu e Cabeças passou a Governador Mangabeira. Em 14 de março de 1962, foi criado o Município de Governador Mangabeira, através da Lei Estadual nº 1.639. Além dos citados, contribuíram para a emancipação Malaquias Cerqueira Ferreira, Antônio Pereira da Mota Júnior e Manoel Machado Pedreira. O primeiro prefeito foi Agnaldo Viana Pereira, conhecido por Seu Agnaldo.

Hoje, localizada às margens da BR 101 e também servida pela rodovia estadual BA 491, a cidade de Governador Mangabeira tem um povo resiliente na superação de desafios econômicos, sem perder a educação. Tem altos índices de escolarização e envolvimento político, orgulhoso de suas raízes e com forte identidade com sua história. Não é novidade que sua gente pratica forte valorização da memória. Além disso, os mangabeirenses são solidários e lutam diariamente para que Governador Mangabeira caminhe sempre para um lugar próspero e permanentemente acolhedor.