Alexandre de Morais: o herói dos sensatos
Um ministro do STF ser considerado um herói lá fora, enquanto aqui ele é odiado por uma parte da nossa sociedade não é necessariamente contraditório, mas reflexo de perspectivas e prioridades diferentes entre a comunidade internacional e segmentos da sociedade brasileira. O ministro em questão, Alexandre de Moraes, é visto sob prismas distintos, dependendo do que cada observador valoriza mais em sua atuação.
Para a comunidade internacional, especialmente em veículos como o jornal britânico Financial Times, que o incluiu em sua lista de pessoas mais influentes na categoria “heróis”, a atuação do ministro é percebida como uma defesa robusta da democracia e do Estado de Direito. Moraes é elogiado por sua postura firme diante de ameaças autoritárias, ataques ao sistema eleitoral e tentativas de desmantelar redes de desinformação, especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023.
Alexandre de Morais é visto como símbolo de resiliência. Em um contexto global de ascensão de líderes populistas e fragilidade de instituições democráticas em alguns países, sua disposição em responsabilizar figuras públicas e fazer valer a Constituição é vista como um exemplo a ser seguido.
Entretanto, no Brasil, a percepção é mais polarizada. Enquanto uma parte da sociedade o apoia pelas mesmas razões destacadas internacionalmente, outra parte o critica veementemente. As principais críticas internas frequentemente giram em torno do uso de medidas legais consideradas por alguns como excepcionais ou excessivas, como prisões preventivas prolongadas, quebras de sigilo e ações contra cidadãos e empresas, o que levanta debates sobre os limites do poder judiciário e garantias individuais.
A figura do ministro tornou-se um ponto focal na intensa polarização política do país, sendo associada diretamente ao combate ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Isso faz com que a avaliação de seu trabalho esteja frequentemente atrelada a ideologias políticas, e não apenas a critérios puramente jurídicos.
Portanto, as diferentes avaliações não são necessariamente contraditórias do ponto de vista lógico, mas sim o resultado de diferentes pesos dados à segurança institucional versus as garantias processuais, e a forma como a política interna brasileira se reflete na percepção externa. O herói internacional é rejeitado por uma direita medieval e defendido sem entusiasmo por uma esquerda velha e oportunista. Somente os que estão fora destas bolhas sabem da importância do ministro Alexandre de Morais para que continuemos na lista das nações democráticas.
