Balsas, a líder do agronegócio no Maranhão

Neste mais novo episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, Contraprosa chega ao município de Balsas, no Maranhão, capital da região administrativa dos Gerais de Balsas. Faz parte do MATOPIBA, sendo o município com destaque pela agricultura mecanizada e automatizada. É o maior produtor de soja do Maranhão e um dos maiores produtores de grãos do MATOPIBA, perdendo apenas para Formosa do Rio Preto e São Desidério, ambos na Bahia. A cidade é atravessada pela Rodovia Transamazônica o município tem uma área territorial de 13.141,162 km², onde vive folgadamente uma população de 101.767 pessoas, pelo censo de 2022. A densidade demográfica, pois, é de 7,74 hab/km². Balsas faz limites com os municípios de Riachão, São Raimundo das Mangabeiras, Fortaleza dos Nogueiras, Tasso Fragoso, Alto Parnaíba, Nova Colinas, Sambaíba, Carolina. A distância até São Luís é de 810 kms e sua população estimada para este ano de 2025 é de 105.974 pessoas.
A história de Balsas começa no povoamento da região marcado pela presença do Porto das Caraíbas, no rio das Balsas, considerado um ponto privilegiado para o melhor acesso às fazendas do município de Riachão. Com o crescente fluxo de viajantes, foram surgindo pequenos comércios e casas cobertas de palha. Ao saber da pequena população que se fixava no Porto das Caraíbas, o baiano Antônio Ferreira Jacobina decide conhecer a região. Mercador de fumo e dono de um espírito comunicativo, Jacobina começou a atrair muitas pessoas para o local. Com isso, novos casebres foram se instalando, o número de moradores do Porto das Caraíbas aumentava surpreendentemente. Ganhando a simpatia do povo com suas festanças e pagodeiros, o baiano torna-se líder do povoado e deu o nome de Vila Nova.

Em 1879, Vila Nova já possuía duas ruas e foi nessa época em que foi iniciado os trabalhos de construção da Igreja de Santo Antônio. Em 1892, assumindo a liderança política da região de Balsas, o Deputado Estadual Padre Balduíno Pereira Maya inicia luta pela autonomia administrativa do agora povoado Santo Antônio. A ideia de Maya se fixou e, em reunião do Congresso do Estado, propôs o projeto que elevava à categoria de Vila a Povoação de Santo Antônio de Balsas. Em tramitação ordinária, o projeto foi aprovado e o município nasce pela Lei Estadual n.º 15, de 07 de outubro de 1892, sendo desmembrado de Riachão, com um único distrito sede. A instalação oficial ocorreu 1º de janeiro de 1893. Sua condição de cidade chega 25 anos depois, pela Lei Estadual n.º 775, de 22 de março de 1918. A denominação atual é oficializada pelo Decreto-lei n.º 820, de 30 de dezembro de 1943, quando o município de Santo Antônio de Balsas passou a denominar-se simplesmente Balsas.

O município de Balsas pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba, que tem como principal afluente o rio das Balsas. Este rio tem suas cabeceiras na Chapada das Mangabeiras, a uma altitude média de 600 m, percorrendo uma extensão total de 525 km, e desaguando no Rio Parnaíba a altura das cidades de Benedito Leite (MA) e Uruçuí (PI), como uma bacia hidrográfica total de 24.540 km². O rio das Balsas tem como principais afluentes o rio Balsinhas, pela margem direita, e os rios Maravilhas e Neves, pela margem esquerda. O rio é fundamental para a economia de Balsas, que é fortemente impulsionada pelo agronegócio, sendo um dos principais polos agrícolas do estado e o terceiro maior PIB do Maranhão.

Ainda se tratando da economia, Balsas é considerada um dos epicentros da expansão agropecuária no Brasil, especialmente na produção de soja, milho e algodão. Grandes empresas do setor, como a multinacional Bunge, têm sede no município, o que reforça sua importância estratégica no mercado de alimentos. Quase todo o comércio local gira em torno do agronegócio, com forte presença de insumos agrícolas, maquinário e serviços especializados. Somente 2 municípios tem PIB superior a Balsas: São Luís e Imperatriz. Em 2021, o PIB per capita era de R$ 65.059,77. É o 5º PIB per capita do estado, perdendo apenas para 1º lugar: Tasso Fragoso – R$ 272.095,76 – 2º lugar: Godofredo Viana – R$ 219.655,83 – 3º lugar: Santo Antônio dos Lopes – R$ 210.498,16 e 4º lugar: Sambaíba – R$ 83.488,56.
Mas ainda há coisas que devemos considerar sobre Balsas. Em 2025, a arrecadação do ICMS cresceu mais de 36% em relação ao ano anterior, passando de R$ 11 milhões para R$ 15 milhões. Os repasses do Fundeb também aumentaram significativamente, indicando maior capacidade de investimento público. Fica claro, então, que o crescimento econômico acelerado trouxe desafios, como a elevação dos preços de moradia e serviços básicos, especialmente para trabalhadores de baixa renda. Também há coisas esquisitas: apesar da riqueza gerada, o município decretou calamidade financeira em 2025, o que gerou controvérsias diante do aumento da arrecadação. Para completar, Balsas é o segundo município que mais desmatou no Brasil nos últimos dois anos, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD 2024). A expansão agrícola tem colocado em risco a segurança hídrica da região, que abriga nascentes da Bacia do Rio Parnaíba. Ou seja, Balsas representa um caso emblemático de crescimento econômico acelerado baseado no agronegócio, com fortes impactos sociais e ambientais, além de planejamento administrativo problemático.

Balsas é um vibrante polo cultural que mescla tradições populares, manifestações artísticas e políticas públicas de valorização da cultura local. O município celebra com entusiasmo festas populares como o Bumba-meu-boi e as festas juninas, que são expressões culturais marcantes em todo o Maranhão. Essas festas envolvem danças, músicas típicas, trajes coloridos e comidas tradicionais. A cidade conta com diversos grupos de brincantes e manifestações culturais que mantêm vivas as tradições locais, como quadrilhas juninas e apresentações de boi-bumbá. E para preservar sua história, Balsas tem dois museus principais: o Museu do Sertão e o Museu Municipal Gilza Magalhães Ribeiro. O primeiro, no centro da cidade, tem exposições que retratam a vida sertaneja, com objetos antigos, utensílios rurais e registros históricos. Já o Gilza Magalhães Ribeiro, fundado em 2004, tem temática sobre Antropologia, arqueologia e a história do município de Balsas.
