Belo Monte

Neste mais novo episódio da série Cidades do Velho Chico, hoje é a vez de retratar um município sinônimo de resistência às margens do rio São Francisco. Seu nome nos traz muitas ligações com Canudos, mas só linguísticas. Trata-se da cidade de Belo Monte no Oeste alagoano. Às margens do Velho Chico. Ainda não há ligação asfáltica entre ela e Traipu, nem também com Pão de Açúcar. Vindo de Traipu, as estradas são vicinais, caso não queira fazer o trajeto por Arapiraca. Na divisa entre os dois municípios fica o enorme povoado de Riacho da Jacobina, com uma parte em Traipu e a principal em Belo Monte. Um acidente, entretanto, não permitirá que retratemos tudo o que queríamos. Depois de Riacho da jacobina, as imagens de vídeo da câmera do carro foram perdidas, embora nos mostrassem que as gravações estavam normais. Só percebemos o problema em Pão de açúcar. Neste vídeo, Belo Monte terá apenas as imagens fotográficas, infelizmente.
Mas a história do município contaremos na íntegra. Sua área territorial hoje é de 322,887 km², abrigando uma população de 5.936 pessoas, no censo de 2022, perfazendo uma densidade demográfica de 17,77 hab/km². Belo Monte faz limites com Batalha, Jacaré dos Homens, Traipu, Palestina e Pão de Açúcar – em Alagoas, e Gararu e Porto da Folha – em Sergipe. Fica distante de Maceió por 201 km, servida pela AL 125, asfaltada até Batalha. A cidade nasceu próximo à foz do rio Jacaré, afluente do São Francisco.

Tudo começa com a exploração do rio São Francisco, a partir de 1850, possibilitando uma série de novas descobertas aos desbravadores da região. Ao atingir o rio Ipanema, foi encontrado, à sua margem, um caminho aberto para o interior, descobrindo, na verdade, o caminho que levava a Pesqueira, em Pernambuco. Exatamente no ponto de encontro entre os dois surgiu um núcleo populacional, onde missionários, colonizadores e comerciantes dos centros maiores faziam seus negócios – hoje ficou conhecido com Barra de Ipanema. E de Barra do Ipanema que veio um cidadão, que não se sabe o nome, com destino ao local onde hoje está Belo Monte. Fundou ali uma fazenda de uma fazenda de gado. O curral da propriedade ficava exatamente onde hoje é a casa número 70, na Praça Epaminondas Machado. Lá é possível ainda encontrar as ruínas.
E de fazenda chegou a um pequeno povoado e logo virou a Freguesia de Lagoa Funda, criada por lei provincial nº 1960, de 18 de julho de 1885. Apenas um ano depois foi elevado à categoria de vila com a denominação de Belo Monte, por lei provincial nº 976, de 09 de junho de 1886, desmembrado de Traipu e instalado com um único distrito em 12 de janeiro de 1887. Seis anos depois, pela lei estadual nº 34, de 30 de maio de 1893, a vila é extinta, sendo seu território anexado ao município de Traipu, como simples distrito. Elevado novamente à categoria de município dois anos depois com a mesma denominação, pela lei nº 82, de 20 de julho de 1895.

Belo Monte iniciou o século 20 como município, e com dois distritos: Belo Monte, a sede, e Riacho do Sertão. Só que, na Era Vargas, pelo decreto estadual nº 1619, de 23 de fevereiro de 1932, é novamente extinto o município de Belo Monte, sendo seu território anexado ao município de Pão de Açúcar, como simples distrito. Nova luta e, dois anos depois, é elevado novamente à categoria de município com a denominação de Belo Monte, pelo Artigo 6º das disposições transitórias da constituição estadual, de 16 de setembro de 1935, desmembrado de Pão de Açúcar.
Mas tudo estava longe de ter um final feliz. Um outro decreto estadual, de nº 2335, de 19 de janeiro de 1938, é extinto novamente o município de Belo Monte, sendo seu território anexado ao município de Traipu, como simples distrito. Foram precisos outros longos 9 anos para que, novamente, Belo Monte voltasse à categoria de município, por ato das disposições constitucionais transitórias, promulgada em 09 de julho de 1947, desmembrado de Traipu, instalado em 1º de janeiro de 1948. Quase dois anos depois, houve outro entrevero: Pela lei nº 1473, de 17 de setembro de 1949, o município de Belo Monte passou a denominar-se Batalha, em virtude da mudança do município sede para o distrito de Batalha, que passou à condição de distrito sede. Somente quase dez anos depois, pela Lei Estadual nº 2094, de 24 de abril de 1958, Belo Monte é desmembrado de Batalha e vira município, constituído do distrito sede, instalado definitivamente em 1º de fevereiro de 1959.

Como não podia ser diferente, o nome da cidade originou-se da beleza natural do local, abençoada com o majestoso rio São Francisco. Apesar da proximidade do rio, o município está localizado na região do sertão alagoano, com clima semiárido e vegetação de caatinga. Seu povo luta para que o lugar seja o melhor possível para se viver. Por isso há muitas festas, inclusive o carnaval, muitas vaquejadas e a festa de Bom Jesus dos Navegantes.