Boquim – Sergipe: A terra da laranja

Neste mais novo episódio de Um Lugar no Sertão, Contraprosa chega à Terra da Laranja no estado de Sergipe: Boquim. O município está localizado na região de Lagarto e tem uma área territorial de 205,443 km², onde reside uma população de 24.636 pessoas, censo de 2022, o que permite uma densidade demográfica de 119,92 hab/km². Boquim faz limites com Lagarto, Estância, Pedrinhas, Arauá, Riachão do Dantas, Salgado e Itabaianinha. Sua distância para Aracaju é de 85 kms e o IBGE estimou sua população para 2025 em 25.007 pessoas.
A história do surgimento de Boquim começa na primeira metade do século XIX, a cerca de 10 km de onde fica a atual sede do município, o coronel José Batista fundou o povoado de Lagoa Vermelha, considerado o núcleo originário da cidade. Em 1857, por meio de Lei Provincial n.º 462, de 20 de fevereiro de 1857, Lagoa Vermelha vira distrito e município. Sede na antiga povoação de Lagoa Vermelha. Contudo, nas décadas seguintes, os moradores enfrentaram diversos problemas ambientais e sanitários que dificultavam a permanência da população. Foram doenças infecciosas, agravadas durante o período de inverno, além das constantes enchentes frequentes do rio Piauí, com destaque para o ano de 1869, quando a vila ficou ilhada por vários dias.

Então, as autoridades resolveram tomar uma atitude drástica e fizeram a transferência da vila. Pela Lei Provincial n.º 836, de 21 de março de 1870, é transferida a sede vila de Lagoa Vermelha para a povoação de Boquim. As terras da nova localidade foram doações de Antônio Araújo, viabilizando o novo assentamento urbano. Também contribuíram para a empreitada da mudança o Padre Manoel Nogueira Cravo – vigário da vila, Antônio Manoel da Fraga e Venâncio Fernandes. A região onde o novo município foi erguido era conhecida como “Boquinha da Mata”, popularmente chamada de Buquim. Daí nasce a denominação do lugar.
Já nas primeiras décadas do século 20, o crescimento se mostrava consolidado e a localidade é elevada à condição de cidade com a denominação de Buquim, pela Lei Estadual n.º 959, de 16 de outubro de 1926. Daí em diante acontece a confusão com a grafia do nome entre Buquim ou Boquim. A confusão só foi desfeita pelo Decreto Estadual n.º 3.334, de 27 de janeiro de 1976, quando a grafia atual foi oficializada para Boquim. Desde sua existência inicial, o município sempre foi constituído de apenas um único distrito.
Hoje, Boquim é conhecido nacionalmente como a “Terra da Laranja”, devido à forte tradição citrícola que marca sua economia e identidade cultural. E foi a partir dos anos 20, do século 20, que o município passou a figurar como polo da citricultura sergipana, com a introdução das primeiras mudas de laranjeiras da variedade “baía”. Esse ciclo produtivo foi fortalecido nas décadas seguintes, especialmente na de 1960, com a chegada de assistência técnica agrícola e incentivos financeiros governamentais. Além da citricultura, o município também desenvolve atividades significativas na pecuária e na avicultura. Também conta com indústria de suco, confecções e moveis.
Para se divertir no município, Boquim tem sua Micareta, realizada no início de maio, e a Festa da Laranja, que é realizada em novembro, com palestras sobre os citros e shows artísticos. Também fez muito sucesso, embora hoje esteja abandonada, a Fonte da Mata, que marcou um importante capítulo na história de Boquim, pois vem dela a origem do nome do Município. O local era muito frequentado e ficou famoso por virar nome de um livro do seu filho mais ilustre: Hermes Fontes. O nome completo era Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes, nasceu em Boquim, Sergipe, em 28 de agosto de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1930. Ele foi um poeta e jornalista brasileiro, conhecido por sua sensibilidade lírica e por integrar o movimento simbolista no Brasil.

O livro A Fonte da Mata foi publicado em 1930 e é uma coletânea de poesias que expressam a conexão profunda do autor com a natureza, a infância e os sentimentos humanos. A obra é considerada uma das mais representativas da produção poética de Hermes Fontes, destacando-se pelo estilo refinado e pela musicalidade dos versos. Além de poeta, Hermes Fontes também colaborou com diversos periódicos da época, como os jornais Fluminense, Rua do Ouvidor, Correio Paulistano, e revistas como Careta e Fon-Fon!. Sua trajetória literária foi marcada por uma intensa produção e por uma vida dedicada à arte e à escrita.
