Campina Grande – Paraíba. Muito além de O Maior Forró do Mundo!

Neste episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, vamos registrar um pouco de Campina Grande, o maior centro urbano do interior do Nordeste que recebe esta rodovia federal. E a BR 230 não é a única estrada federal a cortar o município de Campina Grande. Há uma outra rodovia, a BR 104, e mais as estaduais PB-095, PB-113, PB 115 e PB 100. Tirando João Pessoa, Campina Grande é maior cidade às margens da BR-230 e fica distante da capital da Paraíba por cerca de 130 km. O município é o centro da Região Metropolitana de Campina Grande (RMCG), composta por 19 municípios, criada pela Lei Complementar Estadual nº 92/2009. A população total da Região Metropolitana de Campina Grande em 2025 está estimada em cerca de 740 mil habitantes. Só Campina Grande tem 419.379 pessoas, de acordo com o censo de 2022. Sua área territorial é de 591,658 km², o que permite uma densidade demográfica muito alta, de 708,82 hab/km². O IBGE estimou a população de Campina Grande para 2024 em 440.939 pessoas. As cidades que compões a região metropolitana são Campina Grande (sede), Alcantil, Aroeiras, Barra de Santana, Boa Vista, Boqueirão, Caturité, Fagundes, Gado Bravo, Itatuba, Lagoa Seca, Massaranduba, Matinhas, Natuba, Puxinanã, Queimadas, Santa Cecília, Serra Redonda e Umbuzeiro.

Além de ser um dos principais polos industriais, universitários e culturais do Nordeste, Campina Grande é conhecida como a Rainha da Borborema. Sua fama vai além de ser palco do maior forró do mundo. É o segundo maior centro urbano do Nordeste brasileiro, perdendo apenas para Feira de Santana, na Bahia. Duas figuras muito conhecidas são filhos de Campina Grande: Genival Lacerda – cantor, e Hulk – jogador de futebol. A cidade é conhecida também pelos bons índices sociais. A escolarização de 6 a 14 anos chega a 98,79% e atinge um índice de desenvolvimento humano de 0,720, dados ainda de 2010. Em 2023, o índice de mortalidade infantil bateu 15,62 óbitos por mil nascidos vivos. O total de receita bruta em 2024 bateu na porta dos 2 bilhões de reais e sua renda per capita ultrapassou os 25 mil reais.

A história de Campina Grande vem de uma aldeia de índios Cariris. Em 1697 o português Teodósio de Oliveira Lêdo fixou ali a tribo dos Ariás, iniciando, no ano seguinte, a catequese dos indígenas por um franciscano enviado pelo governador na Capitania, Manoel Soares de Albergaria. Com terras propícias às culturas de mandioca, milho e outros cereais indispensáveis à vida dos colonos, o aldeamento converteu-se rapidamente em povoado próspero e o Distrito foi criado com a denominação de Campina Grande, pela Provisão de 1769, virando também freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Após 21 anos depois, foi instalado em 20 de abril de 1790 a Vila Nova da Rainha, com esta denominação por ordem do governo em 25 de agosto de 1788. Na boca do povo, Campina Grande nunca deixou de existir. Sua condição de cidade e sede do município, já definitivamente com a denominação de Campina Grande, ocorreu pela Lei Provincial n.º 127, de 11 de outubro de 1864.

O povo de Campina Grande teve participação nos movimentos revolucionários de 1817, 1824 e 1848. Em 1874, irrompeu no município a insurreição do Quebra-quilos, motivada principalmente pela decretação de impostos e adoção do novo sistema de pesos e medidas. Tal movimento se estendeu a várias outras cidades e províncias do Nordeste. Em 1888, Campina Grande tinha cerca de quatro mil habitantes e era a mais populosa e próspera localidade do interior da Paraíba. Passava por ali a principal estrada que ligava os sertões paraibanos e rio-grandenses do norte às cidades da Paraíba e do Recife. Com a chegada do ramal da Great Western of Brazil Railway Company – hoje Rede Ferroviária do Nordeste -, inaugurado em 1907, os dados econômicos foram aos melhores patamares. Logo chegou a iluminação elétrica, em 1919, e o serviço de abastecimento de água, 20 anos depois. Para acelerar ainda mais o crescimento, chega, em 1970, o início da construção da BR 230, conhecida como Rodovia Transamazônica. Ela foi oficialmente inaugurada em 27 de agosto de 1972, durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici. O objetivo era promover o povoamento da Amazônia, mas acabou por ajudar a consolidar Campina Grande como grande centro urbano.

Campina Grande chegou a ter um total de 9 distritos, em 1943: Campina Grande – a sede, Conceição, Fagundes, Galante, Lagoa Seca, Massaranduba, Pocinhos, Puxinanã e Queimadas. Ao longo dos tempos, muitos viraram municípios e outros distritos nasceram ou desapareceram. Hoje, há apenas 4 distritos: Campina Grande – a sede, Catolé, Galante e São José da Mata. A região metropolitana de Campina Grande é um grande polo industrial da Região Nordeste, bem como principal polo tecnológico da América Latina, segundo a revista americana Newsweek. Para chegar a isso, virou um importante centro universitário, contando com vinte e uma universidades e faculdades, sendo três delas públicas. É também a cidade com proporcionalmente o maior número de doutores do Brasil, 1 para cada 590 habitantes, seis vezes a média nacional. Além de ensino superior, o município é destaque também em centros de capacitação para o nível médio e técnico. Também possui o segundo maior PIB entre os municípios paraibanos, representando 15,63% do total das riquezas produzidas na Paraíba. Uma evidência do desenvolvimento da cidade nos últimos tempos é o ranking da revista Você S/A, no qual Campina Grande aparece como uma das 100 melhores cidades para se trabalhar e fazer carreira do Brasil, única cidade do interior entre as capitais escolhidas no país. O município é ainda considerado a cidade mais dinâmica do Nordeste e a 6ª mais dinâmica do Brasil, segundo A Gazeta Mercantil. Também foi apontada como uma das 20 metrópoles brasileiras do futuro.

Claro, quando se fala em Campina Grande, vem logo à cabeça o São João, maior ainda que a própria Paraíba. O município sedia ainda variados eventos culturais, além dos festejos de São João, que acontecem durante todo o mês de junho. É o chamado de O Maior São João do Mundo. Mas longe de ser só isso. Há encontros religiosos como o Encontro da Nova Consciência (ecumênico) e o Encontro para a Consciência Cristã, realizados durante o carnaval. Também Campina Grande realiza o Festival de Inverno e outros 20 eventos, ao longo de todo o ano. Mas é Maior São João do Mundo que Campina Grande fica completamente tomada de turistas na época da festa de São João. Sua fama é tão grande que, para se ter ideia da dimensão do evento, o local costuma receber cerca de 100 mil pessoas em todas as noites da festividade.

Mas a Campina Grande do futuro tem tido um forte foco tecnológico há muito tempo. Em 1967, a cidade foi a primeira cidade do Nordeste brasileiro a receber um computador, na Universidade Federal de Campina Grande. Hoje, Campina Grande é referência nos setores de desenvolvimento de software e ciência da computação. Em abril de 2001, a revista Newsweek selecionou nove cidades ao redor do mundo que representavam uma nova visão para a tecnologia. O Brasil está representado nessa lista por Campina Grande, a única cidade latino-americana escolhida. Em 2003, foi mencionada novamente como o Vale do Silício Brasileiro. A razão para esse sucesso se deve, em grande parte, às pesquisas tecnológicas realizadas pela Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande tem aproximadamente 50 empresas de software que contribuem com cerca de 20% da receita total da cidade. A grandeza de Campina Grande não pode ser revelada por apenas um único episódio de uma série, mas é possível colocá-la no roteiro de visitas. Além dos museus, comércio diversificado, com destaques para livrarias e sebos, seu povo é extremamente acolhedor e a cidade tem alimentação barata e saborosa. É preciso ir a Campina Grande e perceber por todos os sentidos o que a cidade tem de melhor e mais rico como um dos centros de inteligência do Nordeste do Brasil.