BR 230: de Cabedelo a Lábrea

Carolina: Lar da Chapada das Mesas

Carolina margeia o rio Tocantins. (Foto: Landisvalth Lima)

Em mais um episódio da série BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, Contraprosa chega ao histórico município de Carolina, no Maranhão. A área territorial da municipalidade é de 6.267,602 km², onde vive uma população de 24.062 pessoas, censo de 2022, o que permite uma densidade demográfica de 3,84 hab/km². Carolina faz limites com os municípios de Estreito, Riachão, Feira Nova do Maranhão, São Pedro dos Crentes – todos no Maranhão, e Darcinópolis, Filadélfia, Goiatins, Barra do Ouro e Campos Lindos, todos no vizinho estado de Tocantins, separados apenas pelo rio do mesmo nome ou pelo rio Manuel Alves Grande. Carolina está localizado no sul do estado, à margem direita do rio Tocantins. É conhecido pelas suas diversas cachoeiras, e ponto de apoio para quem visita o Parque Nacional da Chapada das Mesas. O IBGE estimou sua população para este ano de 2025 em 24.619 pessoas e sua distância para São Luís é de 860 kms.

Carolina fica localizada também na área de influência da Usina Hidrelétrica de Estreito e vários rios matam a sede do seu solo. A rede hidrográfica é bastante rica, formada por rios perenes e temporários. Os rios pertencem a duas bacias hidrográficas: Tocantins e Paranaíba. O município é banhado pelo Rio Tocantins, Rio Lajes, Rio Farinha, Rio Itapecuru, Rio Manoel Alves Grande, Rio Sereno e outros. Neles se localizam diversas cachoeiras e canyons. As mais frequentadas são a cachoeira as cachoeiras do rio Itapecuru, no povoado de São João da Cachoeira, na margem da BR 230, seguindo sentido Riachão. O caminho mais comum é a BR 230 – Transamazônica e há transporte de balsas para quem desejar seguir para o Tocantins. Na outra margem do rio está a cidade de Filadélfia. Quem não quiser pegar a estrada, cidade de Carolina pode ser acessada por via aérea a partir de Imperatriz (MA), Teresina (PI), Araguaína (TO) e Goiânia (GO). Recentemente, o Aeroporto Brig. Lysias Augusto Rodrigues opera voos comerciais regionais.

Matriz de São Pedro de Alcântara. (Foto: Landisvalth Lima)

A história de Carolina tem ligação com o interesse do Império Português no rio Tocantins. Depois de várias expedições, o interesse pela exploração das terras onde hoje está Carolina coube ao piauiense Elias Ferreira Barros, que habitava o sertão de Pastos Bons. Ele percorreu o Tocantins até o Pará, em companhia de um índio e três escravos, em uma tosca embarcação. Com uma carta do governo do Pará, apresentou-se ao governo do Maranhão para relatar o fato, o que muito contribuiu para o desenvolvimento da região.

Em 1809, Manoel Coelho Paredes e Elias Ferreira Barros vieram até rio Tocantins, construíram currais para o gado e se fixaram. Entretanto, um ano depois, abandonaram o local, por pressão de Pinto Magalhães, que alegou as terras pertencerem ao príncipe. Com isto, Pinto Magalhães tomou conta do lugar, deu-lhe o nome de São Pedro de Alcântara e por ali ficou até 1816. Por quatro anos a localidade ficou abandonada. Em 1820, Elias Ferreira Barros, vindo de Belém e vendo a situação do lugar, novamente ali se fixou, conseguindo soerguer a povoação. Em 1823, o deputado padre Camargo Gleury, em memória de nossa primeira imperatriz, deu ao novo povoado o nome de Carolina.

Muitos casarios ainda preservam arquitetura original. (Foto: Landisvalth Lima)

Em 1831, o povoado foi elevado à categoria de vila, pelo decreto de 25 de outubro de 1831. Desta data em diante, Maranhão e Goiás viveram em constante litígios pela posse da vila até 1854. O decreto nº 773, de 23 de agosto daquele ano, encerra definitivamente a questão. O município foi fixado como território do Maranhão. Cinco anos depois, a vila foi elevada à condição de cidade e sede municipal com a denominação de Carolina, pela lei provincial nº 527, de 08 de julho de 1859. O município de Carolina sempre foi constituído de um único distrito sede, exceto em 1948, quando o distrito de  Paranaidji é criado e anexado ao município de Carolina. Em 1954, Paranaidji virou o município de Presidente Vargas, situação que dura até 1957. Presidente Vargas é extinto e o distrito de Paranaidji volta à condição de distrito de Carolina. Somente em 1982 é que Paranaidji ganha independência com o nome de Estreito e Carolina volta a ter um único distrito sede.  

A marca turística de Carolina é o Parque Nacional da Chapada das Mesas, constituído de formações rochosas que formam a Chapada das Mesas, como o Morro do Chapéu, Morro do Dedo, Morro do Gavião, Portal da Chapada, Morro do Macaco e muitos outros cenários de muita beleza. A Chapada das Mesas recebeu esse nome por possuir morros de grandes alturas que tiveram suas superfícies planificadas pela erosão, a maioria deles lembrando o formato de mesas, e tem como atração o turismo ecológico com suas lindas paisagens vegetativas, as praias do rio Tocantins, cachoeiras e os chapadões.

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O município de Carolina também se destaca nas manifestações populares e culturais. São várias as criações do imaginário popular quanto a seres lendários ou mitológicos, que mantêm acesa a chama da herança cultural do lugar, passada de geração em geração. Os mais conhecidos são as lendas de antigas aldeias indígenas que habitavam o local e das ondas ufológicas que supostamente foram vistas por populares de Carolina. Os principais eventos da cidade são a Festa de ano novo, Carnaval, Vaquejada, Aniversário da Cidade, Carolina Country, Ilhas dos Botes e o período das Praias, Festa Junina, Enduro do Cerrado, festejo de São Sebastião e as festas do padroeiro São Pedro de Alcântara, quando a catedral fica enfeitada e pronta para uma visita mais detalhada. A data da festa é 19 de outubro, quando ocorrem missas, procissões e eventos comunitários. Logo depois ocorre as comemorações pela independência administrativa.

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