Heliópolis

Comunidade do Bendó suplica por água potável

A fantasma da falta de água volta a atormentar a localidade de Bendó, em Heliópolis-Ba.

A localidade de Bendó, município de Heliópolis, completará no final desta semana exatos 30 dias sem abastecimento de água potável. São cerca de 300 famílias que precisam, todos os dias, fazer das tripas coração para ter água para beber. Apelos já foram feitos em larga escala e nada aconteceu. O prefeito de Heliópolis chegou a visitar a comunidade na última vez que a bomba do poço artesiano quebrou. O problema foi solucionado semanas depois e se imaginava que era problema do passado. Aconteceu mais uma vez. Desta feita, há um silêncio constrangedor por parte das autoridades, em todos os poderes, inclusive os órgãos fiscalizadores.

É verdade que estamos em época das chuvas e isso permite o acúmulo do líquido em barragens e afins. Só que essa água não pode ser consumida por pessoas. Trata-se de uma região com farto uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos agrícolas que são prejudiciais à saúde humana. Os produtos usados para controlar pragas têm efeitos tóxicos e podem causar problemas respiratórios e intoxicações, anemia, distúrbios hormonais, câncer de tireoide, doenças neurológicas, infertilidade e até abortos espontâneos. Além disso, alguns fertilizantes podem contaminar o solo e a água. Nem mesmo a água que vem diretamente da chuva é segura para consumo porque ela precisa ser armazenada e também corre risco de contaminação.

Mais uma vez a comunidade do Bendó, em Heliópolis-Ba, suplica por água potável.

As autoridades sabem disso, mas os problemas continuam. Até mesmo os ditos líderes locais, que em épocas eleitorais se arvoram no direito de exigir o voto da comunidade para defendê-la no momento oportuno, parecem impotentes ou desistiram da missão. Certo é que a comunidade do Bendó está abandonada pelas autoridades, não só pela falta de água. As estradas estão em petição de miséria com este inverno rigoroso. E é uma situação difícil porque o certo seria, quando as autoridades falham, os gritos dos órgãos de fiscalização e da oposição ecoam. Entretanto, a oposição está em silêncio, o Ministério Público desapareceu e a Justiça parece só ter tempo para proteger autoridades.

Fora disso, fica apenas os parcos nichos de imprensa na região. Estes falam sem serem ouvidos, ou as autoridades fingem não ouvir. A chamada imprensa Amiga dos Poderosos fica em silêncio, esperando uma ação das autoridades para fazer a análise elogiosa. Uma ou duas emissoras de rádio, dois ou três portais de notícia, três ou quatro comunicadores digitais vivem a gritar contra os desmandos de autoridades, sofrendo processos de supostas autoridades que se acham no direito de urrar por justiça quando são criticadas. Enquanto isso, o Bendó sofre com a falta de água potável e sonha com a tomada de consciência de alguma autoridade.

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