Ribeira do Pombal

Decisões do juiz eleitoral indicam que só a oposição não pode errar!

Somente a candidatura do PCdoB foi punida.

Nosso maior entrave desenvolvimentista não está na pobreza do nosso povo. Com muito trabalho, nossa gente vem saindo aos poucos desse caos econômico em que nos meteram os colonizadores e, depois deles, a política coronelista do faça o que eu mando não faça o que eu faço. Ribeira do Pombal é a terra mais representativa dos resquícios deste poder dos coronéis e sua política com um pé no passado acaba por ser a pedra no sapato desta região. Por ser a Capital do Semiárido, deveria ser espelho, exemplo a ser seguido, caso optasse por um comportamento político moderno, com estética comportamental dos novos tempos. Em vez disso, consolidam as raízes da ideia de que quem vence leva tudo, atropelando a Constituição, leis e súmulas. As decisões tomadas pelo juiz da 110ª Zona Eleitoral, Luiz Carlos Vilas Boas Andrade Junior, deixa claro que só os governistas não cometem pecados.

Ao analisar as ações de possíveis fraudes eleitorais nas eleições de 2024, somente em um único caso aplicou o que diz a lei. Na ação movida pela Federação Brasil da Esperança, de oposição, contra o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), governista, duas candidaturas femininas, a de Marlene Dantas Reis Santana e Gilda Maria do Nascimento, ambas fictícias e do conhecimento de todos, a ponto de uma delas até fazer campanha para o vereador eleito Beto Brasil (PSD), não viu o magistrado nenhum problema. Até o Ministério Público não encontrou razões para punir a fraude na cota de gênero. O Dr. Luiz Carlos Vilas Boas Andrade Junior entendeu então que embora ambas as candidaturas obtivessem uma quantidade inexpressiva de votos, foram anexados aos autos dados que comprovaram atos de campanha das duas candidaturas. Pronto! Acreditou nos argumentos dos governistas e fez vista grossa às provas contundentes.

O mesmo juiz, em uma outra ação, movida pelo ex-vereador e 1º Suplente do MDB, Reinivaldo Castro dos Santos – Nego Ri, contra a Federação Brasil da Esperança, alegou que uma das candidatas pela Federação, Nayanne Bastos de Souza, era candidata falsa, e todo mundo sabe que era. Ela nem mesmo votou em si mesma. O magistrado aí aplicou corretamente a Súmula 73, mesmo tendo o MPE sugerido que não havia motivos para cancelar a chapa concorrente. Ou seja, o MPE deixa tudo sem punição, mas o juiz vê somente problema na oposição. O povo elege tanta gente num dia só e os juízes demoram tanto para não encontrar crimes eleitorais. Foram 8 meses para que as duas decisões fossem tornadas públicas. No caso do MDB, o magistrado salvou os mandatos de Sulina Alcantara, Ataíde Cigano, João Vitor Maia, Zé Rodrigo, Marcelo Brito, Irmão Ezequias e Victor de Berguinho. Com a Federação Brasil da Esperança, o juiz foi implacável e cassou a candidatura e os respectivos votos de todos os membros da Legenda, entre eles o único vereador eleito da oposição, Pedro Paulo Alves de Andrade – Pedro de Agostinho. Aqui ele fez tudo certo, inclusive condenou a Nayanne e o presidente da Sigla, João Carlos Raimundo Santos, a oito anos de inelegibilidade, a contar do pleito de 2024.

Apesar de a cassação de Nayanne ser uma pedra no sapato daqueles que insistem em não estimular as candidaturas femininas em nossa região, na decisão do MDB o magistrado usou de subterfúgios para estimular tal comportamento e impedir uma evolução da espécie política por aqui. Isso acaba estimulando a ideia de que, ao chegar à prefeitura da maior cidade da região, todos os outros poderes têm que se submeterem às vontades do grande chefe, do todo-poderoso, da grande liderança, porque ele pode tudo. Isso é coisa de coronel! Além disso, até os processos correm em segredo de justiça, exatamente para impedir o acesso da imprensa, principalmente aquela que não é financiada para dizer o que querem que seja dito. Tentando tirar um pouco da culpa de suas costas, o juiz determinou que nada muda por enquanto, até que o devido processo tenha sido julgado em definitivo. Sim! Temos outras instâncias, ainda bem. Mesmo assim, considero um desperdício de tempo. Pagamos juízes, desembargadores e tudo acaba mesmo lá em cima, no STF, local onde tudo começa e termina, de forma justa ou injusta. Mas para isso, é preciso ficar atento. Há muitas pedras no meio do caminho que impedem processos de viajarem até Brasília.

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