Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli em rota internacional diante da Justiça brasileira

Nos últimos tempos, o Brasil tem testemunhado a crescente judicialização da política, e com ela, a movimentação de figuras públicas que, ao enfrentar investigações ou condenações, optam por deixar o país. Os casos de Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli são emblemáticos nesse sentido. Mais do que simples saídas temporárias, suas ações revelam estratégias políticas, enfrentamentos jurídicos e impactos simbólicos significativos.
A fuga de Carla Zambelli para a Itália, após condenação pelo Supremo Tribunal Federal, gerou repercussões intensas. O pedido formal de extradição feito pelo Brasil marca um esforço institucional de responsabilização que transcende fronteiras. Já Eduardo Bolsonaro, embora não esteja sob prisão, enfrenta investigações que incluem atuação internacional — em especial nos Estados Unidos — contra autoridades brasileiras, algo que também levanta alertas jurídicos. Esses episódios escancaram um dilema: quando a Justiça é confrontada pela ausência física do acusado, seu alcance precisa de articulações diplomáticas e legais que demandam tempo, recursos e boa vontade entre países.
Distantes fisicamente do país, Eduardo e Carla não se distanciaram politicamente. Pelo contrário: suas presenças em eventos e articulações com lideranças internacionais, especialmente de perfil conservador, mostram uma estratégia de sobrevivência política. Ao se apresentarem como vítimas de perseguição ideológica, tentam ressignificar suas situações jurídicas como batalhas contra o “sistema”.
Essa narrativa encontra eco em segmentos específicos da sociedade, alimentando disputas internas mesmo à distância. Eduardo Bolsonaro tem estreitado laços com figuras como Steve Bannon, e sua atuação fora do Brasil representa uma tentativa de internacionalização do bolsonarismo, embora tenha colocado conflitos dentro da própria direita brasileira.
A fuga de políticos diante da Justiça gera impactos além do jurídico. Para muitos analistas, essas ações representam desrespeito às instituições democráticas e enfraquecimento da confiança pública. Ao optar por se ausentar no momento de responsabilização, criam um precedente perigoso: o da impunidade associada à mobilidade internacional. Por outro lado, seus apoiadores veem nessas movimentações um ato de resistência, argumento que, embora controverso, reforça a polarização já existente no Brasil.
Por fim, os casos de Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro exemplificam como a política brasileira ultrapassa suas fronteiras físicas e se insere em dinâmicas globais. A Justiça, o discurso político e a ética se misturam num cenário complexo, em que figuras públicas usam o exílio como palco de atuação e construção de narrativa. Esses episódios exigem reflexão sobre os limites entre liberdade política, responsabilização legal e respeito institucional. Afinal, quando políticos fogem, o que mais está escapando?