Ex-prefeito condenado a devolver quase R$ 3 milhões
Em reportagem do jornal A Tarde, de autoria do jornalista Rodrigo Tardio, mais um escândalo de corrupção abala os alicerces da nossa república, que joga desesperança no processo democrático. O fato prova que corrupção não tem ideologia e acontece no município de Poções, na região de Vitória da Conquista. O ex-prefeito Otto Wagner de Magalhães vai ter que devolver valor milionário aos cofres públicos. Ele foi condenado a ressarcir quase R$ 3 milhões aos cofres municipais de Poções, por desvios ocorridos entre 2013 e 2016. Otto é esposo da atual prefeita de Poções, Dona Nilda (PCdoB)
O pedido foi feito pelo Ministério Público da Bahia e a Justiça condenou o ex-prefeito de Poções, Otto Wagner de Magalhães, por ato de improbidade administrativa. A sentença impôs ao ex-gestor o ressarcimento integral de R$ 2.886.565,00 aos cofres municipais, o pagamento de multa civil no mesmo valor, bem como a perda de eventual função pública após o trânsito em julgado, além da suspensão dos direitos políticos e da proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios fiscais e creditícios pelo prazo de oito anos.
De acordo com a ação civil pública ajuizada pelo MP-BA, durante o mandato, entre 2013 e 2016, o ex-gestor autorizou de forma reiterada o pagamento de despesas sem respaldo legal, causando prejuízo milionário ao município. Foram identificados pelo menos 196 repasses irregulares, sob a rubrica de “adicional informado”, a servidores municipais, sem qualquer autorização da Câmara Municipal e em desacordo com a legislação. Em 2015, o gestor teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), por ter descumprido o art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (despesas com pessoal), com aplicação de 69,80% no 3º quadrimestre de 2015.
Além disso, Otto recebeu multa de R$ 5 mil e, subsidiariamente, em razão do descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, multa de R$ 48 mil e 600 reais, correspondentes a 30% dos vencimentos anuais, em decorrência da não execução de medidas para a redução do montante da despesa total com pessoal que excedeu ao limite máximo estabelecido no art. 20 da LRF. À época, Otto Wagner não concordou com a decisão, e ingressou com pedido de reconsideração, dentro do prazo legal, requerendo a reforma do Parecer Prévio recorrido, no sentido que sejam revistos os débitos aplicados.
Só que, em 2021, a Justiça decidiu pelo afastamento cautelar de Otto Wagner, quando era chefe de gabinete do município de Poções, investigado por ter efetuado despesas não autorizadas por lei e em desacordo com as normas financeiras. De acordo com a Justiça, no exercício do mandado de prefeito municipal, entre os anos de 2013 e 2016, Otto Wagner de Magalhães teria ordenado e efetuado pelo menos 196 vezes despesas não autorizadas por lei. Otto é marido da atual prefeita do município, Dona Nilda (PC do B), que foi eleita em 2020 e reeleita no ano passado. Ela venceu com 15.627 votos, 53,80% dos votos válidos, tendo como vice-prefeito eleito Bonfim, do PT.
É bom observar que, mesmo com uma condenação deste porte, a população de Poções elegeu a esposa de um homem com uma ficha tão suja. Ou Dona Nilda é uma pessoa íntegra, a ponto de todos a olharem separada das artimanhas do marido, ou o povo não está se importando com atos de corrupção, generalizando a ideia de que todos os políticos são iguais e praticam atos de corrupção. Se for a última opção, estaremos na fase mais complexa da desqualificação do republicanismo, quando a corrupção chega ao ponto de não só fazer o povo desacreditar no sistema como também lavar as mãos diante do caos.