Floriano – Piauí, nascida de uma colônia agrícola

Neste mais novo episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, Contraprosa se despede do Piauí registrando uma cidade para lá de especial: Floriano. Chegamos à cidade depois das 16 horas e por aqui resolvemos pernoitar. Depois de filmarmos uma parte da cidade, procuramos um hotel no centro. Encontramos o Hotel Bragança. Tive muita sorte. Encontrei preço bom, garagem, hospedagem bem confortável e fui bem atendido pelo camarada Francisco, que sempre dispensa um atendimento muito especial aos clientes.
Foi o Francisco quem nos indicou um local para abastecer um faminto corpo de 92 quilos. Fomos então ao Bob Espeto, um ambiente legal e bem familiar, com preços que cabem em qualquer bolso. Fica na esquina da rua João Dantas com a Castro Alves, no centro de Floriano, a duas quadras do Hotel Bragança. Uma gostosura de lugar.

O município de Floriano, o último dessa série no Piauí, tem uma área territorial de 3.407,979 km², onde vive uma população oficial de 62.036 pessoas, censo de 2022, o que faz uma densidade demográfica de 18,20 hab/km². São vizinhos limítrofes de Floriano os municípios de Amarante, Itaueira, Flores do Piauí, Francisco Ayres, Nazaré do Piauí, São José do Peixe, Jerumenha – todos no Piauí, e com Barão do Grajaú, no Maranhão. Além da Transamazônica, Floriano é servido pelas rodovias BR 343, a PI 244 e a PI 140. A distância para a capital Teresina é de 240 kms e o IBGE estimou sua população para este ano de 2025 em 64.393 pessoas.
A história e formação do município de Floriano, no Piauí, estão intimamente ligadas ao Rio Parnaíba e a um projeto de colonização do Império Brasileiro. A cidade, conhecida como a “Princesa do Sul”, se desenvolveu a partir da fundação de um estabelecimento rural que mais tarde se transformaria em um importante polo de comércio regional. A região onde hoje se localiza Floriano fazia parte de sesmarias que a Coroa Portuguesa havia concedido em 1676 ao colonizador Domingos Afonso Mafrense, um dos pioneiros na ocupação do Piauí. A origem do embrião urbano é a fazenda São Pedro de Alcântara, em 1873. Este projeto foi uma iniciativa do governo imperial, idealizado para ser uma colônia agrícola, e foi administrado pelo agrônomo Francisco Parentes.
Com o passar do tempo, as terras do estabelecimento foram abertas a particulares, o que atraiu novos habitantes e impulsionou o desenvolvimento da área. O processo histórico de ocupação urbana de Floriano foi lento, vindo a acelerar-se de forma mais significativa apenas no século XX, a partir da influência das modalidades de transporte fluvial e rodoviário. Pelo Parnaíba primeiro se formou o sítio nas proximidades do porto e depois veio a ocupação em função das grandes rodovias presentes na área urbana. A Base inicial de tudo foi projeto do agrônomo Francisco Parentes, que conseguiu, em 1873, sua indicação para fundar e administrar o empreendimento pelo prazo de 15 anos. Vale lembrar que, nessa época, já havia o distrito e o município, denominado de Manga, pela Resolução Provincial Estadual n.º 543, de 20 de julho de 1864, devidamente instalado em 08 de setembro de 1867, mas não era o local onde hoje está Floriano.

Depois de Francisco Paranhos, a área foi liberada para particulares à beira do Rio Parnaíba. Vieram, então, ocupar o local pessoas de outras localidades. Com a chegada destes novos habitantes, o lugar foi se desenvolvendo, espraiando-se em ruas executadas segundo traçado planejado em Teresina, a pedido do Ministério da Agricultura. Estabelecia-se, assim, o núcleo urbano da futura atual Floriano, nas proximidades da hoje Igreja Matriz. Pela Resolução Estadual n.º 2, de 19 de junho de 1890, a sede da vila de Manga é transferida para a povoação de Colônia de São Pedro de Alcântara, com a denominação de Colônia. Pela mesma lei é criado o distrito de Colônia. Em 1897, Colônia passa à categoria de cidade, pela Lei Estadual n.º 144, de 08 de julho daquele ano, com o nome de Floriano, em homenagem ao então presidente do Brasil, Floriano Peixoto, que governou entre 1891 e 1894.
Em 1915, foi projetada a estrada de rodagem Floriano-Oeiras, que interligou as localidades interioranas com Floriano, garantindo a comunicação, por meio do Parnaíba, com o norte do Estado. Floriano era, então, importante porto de embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Foi aí que se consolidou o seu caráter comercial, tendo o rio Parnaíba como fundamental. O transporte fluvial feito pelos vapores existia na região desde fins do século XIX e foi continuado com os chamados motores até a década de 60 do século XX.
Não se pode esquecer o processo de modernização de Floriano. Em 1924 foi inaugurada uma usina para garantir o provimento de energia elétrica. De 1929 a 1930 foi construída a estrada carroçável ligando Floriano a Itaueira. Nesse mesmo período foram realizadas obras de embelezamento da cidade. Em 1933 foi realizado o primeiro calçamento em Floriano, em toda a extensão da Avenida João Luiz Ferreira e parte da Praça João Pessoa. Em 1959 ocorreu a implantação dos primeiros serviços de telefonia e de abastecimento de água da cidade e ainda a construção do aeroporto Cangapara.

Para se chegar à atual Floriano foram necessários anos de projetos e investimentos. Vários conjuntos habitacionais foram implementados e bairros inteiros foram criados. A estrutura urbana atual da cidade vai além, muito além, do anel viário criado na década de 70 e é aí que entra a importância da Transamazônica. Com a ponte entre Floriano (PI) e Barão de Grajaú (MA), sobre o rio Parnaíba, inaugurada em 27 de setembro de 1978, deu à cidade um caráter de capital regional e centro urbano em constante crescimento. É o quinto município mais populoso do Piauí e ainda tem muito espaço para crescer.
