Hospital Municipal denunciado por negligência

O Governo do Estado da Bahia está construindo um hospital regional na cidade de Serrinha e isso reforça a ideia de que o problema da saúde pública no estado é uma questão apenas de estrutura, o que não é verdade. Falta, acima de tudo, prioridade ao ser humano como foco da gestão da coisa pública. Mascarar a realidade para garantir os votos do amanhã parece ser a preocupação básica dos nossos administradores. Enquanto a grande massa está distraída com a polarização política propagada, muitos sofrem nos corredores dos hospitais e se agarram aos poucos fiapos de vida, conformados com o destino. Entretanto, vez ou outra, aparece sempre alguém para quebrar essa perversidade. Foi o que aconteceu com Rafaela e Lorena.
A história começa com a internação de Pedro Lima da Silva no Hospital Municipal de Serrinha. As filhas do paciente passaram 22 dias acompanhando a trajetória da busca pela melhoria da saúde naquela unidade hospitalar. A internação de Pedro aconteceu dia 17 de agosto deste ano, diagnosticado com um quadro prévio de dispneia. Ao longo dos 22 dias de internamento, as filhas testemunharam descasos que vão da imperícia médica à falta de higiene. Rafaela e Lorena chegaram a citar no documento de denúncia à Sesab – Secretaria de Saúde da Bahia, que o pai adquiriu uma Herpes Zóster no hospital e não foi isolado como deveria ser.

A denúncia formulada pelas filhas de Pedro é precisa nos detalhes, inclusive cita o dia em que Lorena precisou limpar o banheiro da enfermaria, com produtos comprados por ela. No relato, elas lembram da insistência na transferência do pai para outro hospital com melhores recursos, já que o quadro só piorava. No dia 27 de agosto, um médico chegou a sinalizar alta do paciente, o que gerou protestos da esposa de Pedro Lima. O médico chegou a chamá-la de “barraqueira”. A alta só não aconteceu exatamente pelos protestos dos familiares. No dia 30 de agosto, o paciente entrou na lista de regulação.
Pedro Lima foi então regulado para o Hospital Regional de Itaberaba no dia 31 de agosto, mas a transferência não se concretizou por falta de condições para deslocamento do paciente, já que seu quadro respiratório era muito grave. Apesar de o médico autorizar a transferência por veículo rodoviário, uma técnica vetou o procedimento. Pedro continuou no hospital e dia 2 de setembro exames indicavam um quadro altíssimo de reinfecção, mas não havia antibiótico prescrito. Curioso é que no dia 6 de setembro uma médica chegou a fazer um relatório informando um quadro de melhora do paciente, mas os familiares atestam que ela nem mesmo examinou o enfermo.
Finalmente Pedro Lima foi transferido para o Hospital Otavio Mangabeira, em Salvador. Lá ficou constatado um quadro de infecção generalizada irreversível. Pedro faleceu no dia 17 de setembro de 2025, após nove dias no Otavio Mangabeira. Lorena e Rafaela sabem que já perderam o pai para sempre e justificam a denúncia como uma ferramenta para que outras pessoas não passem pelo que a família passou. Um vídeo detalhado com a explicação da denúncia foi publicado nas redes sociais e reproduzido aqui no Contraprosa. Para assistir ao vídeo no YouTube, basta clicar na imagem acima.
