Município que recebeu 126 milhões em emendas Pix está em calamidade financeira!
São Luiz do Anauá, em Roraima, recebeu aproximadamente R$ 126 milhões em emendas parlamentares entre janeiro de 2020 e maio de 2025. Isso representa cerca de R$ 17,4 mil por habitante, tornando o município o campeão nacional em repasses per capita nesse período. A maior parte desses recursos — cerca de R$ 92 milhões — foi transferida via emendas Pix, uma modalidade de repasse direto do governo federal com menos exigências de controle e transparência. Apesar do volume expressivo, a cidade enfrenta uma calamidade financeira, com denúncias de obras inacabadas, pagamentos indevidos e suspeitas de desvios milionários. Uma CPI foi instaurada para investigar o uso de mais de R$ 100 milhões em recursos públicos.
Apesar de ter pouco mais de 7 mil habitantes, São Luiz do Anauá recebeu mais recursos per capita do que capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Enquanto essas grandes cidades receberam valores significativos, o repasse por habitante nelas ficou muito abaixo dos R$ 17,4 mil por pessoa que São Luiz recebeu. Boa parte dos recursos foi destinada a infraestrutura urbana (pavimentação e drenagem), saúde básica e aquisição de equipamentos hospitalares, educação, incluindo reformas de escolas, construção de centros comunitários e ginásios esportivos. Ocorre que algumas obras estão sendo questionadas porque há pavimentação de ruas que já estavam asfaltadas, aquisição de ambulâncias com valor acima do mercado, construção de uma “praça monumental” orçada em milhões e a obra do portal da cidade que está inacabada.
Para se ter uma noção, vamos ao Ranking das cidades que mais receberam emendas por habitante nos últimos anos:
| Município | Estado | Habitantes | Valor total (2020–2025) | Emendas por habitante |
|
São Luiz do Anauá |
RR | ~7.300 | R$ 126 milhões | R$ 17.400 |
| Mar Vermelho | AL | ~3.000 | R$ 6,4 milhões (2024) | R$ 2.013 |
| Curral Velho | PB | ~2.000 | R$ 2 milhões (2024) | R$ 1.000 |
| Bom Sucesso | PB | ~2.000 | R$ 2 milhões (2024) | R$ 1.000 |
| Santa Tereza | RS | ~1.500 | R$ 3,3 milhões (2024) | R$ 2.200 |
| Caridade do Piauí | PI | ~5.000 | R$ 9,3 milhões (2024) |
R$ 1.860 |
É curioso notar que as cidades com menos de 8 mil habitantes dominam o topo do ranking proporcional. Será que isso tem alguma relação com o fato de que as emendas Pix tem menos exigência de controle, já que foram o principal canal de repasse? Outro fato é que a destinação de recursos muitas vezes não está relacionada ao número de votos recebidos pelos parlamentares nas cidades beneficiadas. Parece que o objetivo não é o voto, mas o dinheiro da corrupção.