Na tabela de preço do grupo “Caça-comunistas”, a morte de 1 ministro do STF saía por 250 mil!

Estamos piorando, obrigado! Chegamos ao fundo do poço. A República democrática brasileira está prestes a falir e os motivos são vários, mas, certamente, a violência é o maior tormento. Uma reportagem do G1, assinada por Camila Bomfim, Márcio Falcão, Mateus Rodrigues, Fábio Amato e Isabela Camargo, mostra a descoberta de um grupo que se autodenomina ‘Caça-comunistas Comando C4’, criado com o intuito de promover assassinatos e outros crimes. Tinha até tabela de preços e menções a autoridades, inclusive ministros dos STF. O grupo executou o advogado Roberto Zampieri, morto com 10 tiros em Cuiabá-MT, em 2023. Também foi apurado na operação que havia um esquema de venda de sentenças no estado e no STJ.
A investigação da Polícia Federal sobre a morte do advogado Roberto Zampieri em Cuiabá (MT), em 2023, levou à descoberta da organização criminosa empresarial envolvida com espionagem e assassinatos sob encomenda – e com a participação de militares ativos e da reserva. Cinco suspeitos foram presos nesta quarta-feira (28) em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin. A investigação dessa morte levou, também, à descoberta de um suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso – e, em seguida, à identificação de suspeitas também no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O grupo criminoso, de acordo com a PF, se autodenominava “Comando C4” – ou “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
Ainda de acordo com informações da PF obtidas pela GloboNews, o grupo mantinha tabelas impressas com o “preço” de cada assassinato, a depender da “função” de cada vítima: “figuras normais”: R$ 50 mil; deputados: R$ 100 mil; senadores: R$ 150 mil; ministros / judiciário: R$ 250 mil”. As informações já divulgadas não permitem saber se alvos desses cargos foram, de fato, espionados – ou se a tabela era apenas uma “previsão”. O planejamento previa, ainda, locação de imóveis e “utilização de garotas e garotos de programas como iscas”. Há, também, menção ao uso de perucas e bigodes como disfarce, e o acionamento de dois drones.
O grupo listou também materiais e veículos que poderiam ser acionados nas operações: 5 fuzis de “snipper” (sic) com silenciador; 15 pistolas com silenciador; munição; lança-rojão tipo AT 34 de ombro; minas magnéticas e explosivos com detonação remota; 5 veículos Doblò usados; 5 carros pequenos/médios; placas frias. Parte dessas armas foi apreendida nesta quarta em um endereço em Minas Gerais. Na operação foram presos: Aníbal Manoel Laurindo (produtor rural, suposto mandante); Coronel Luiz Cacadini (suposto financiador); Antônio Gomes da Silva (suposto atirador); Hedilerson Barbosa (suposto intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9mm usada no assassinato) e Gilberto Louzada da Silva. Essas funções de “mandante”, “financiador”, “atirador” e “intermediador” foram atribuídas aos suspeitos pela Polícia Civil de Mato Grosso, ao indiciar o grupo em 2024.
Nos documentos desta nova fase da operação, a Polícia Federal corrobora os indiciamentos da Polícia Civil. Segundo a PF, Aníbal Manoel Laurindo ordenou o assassinato em razão de uma disputa judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões no Mato Grosso. Além das cinco ordens de prisão, há ainda ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão. O STF também autorizou medidas cautelares contra esses alvos que não devem ser presos – recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e ordem para entrega dos passaportes.
Se a notícia não é boa, deve-se ficar feliz porque os órgãos de fiscalização estão em plena atividade. Por outro lado, só esta semana estão em curso 5 ou mais operações da Polícia Federal e outros órgãos. Tudo isso nos deixa uma sensação de que as leis e autoridades não mais metem medo ou despertam respeito em grupos cada vez maiores. Talvez tudo seja fruto de certa impunidade para alguns poucos grupos sociais privilegiados. Urge uma mudança radical no comportamento do judiciário para que se consolide a ideia de que a Lei é para todos, para o bem ou para o mal. É preciso acabar com a tese de que temos um judiciário que pratica justiça seletiva.