BR 230: de Cabedelo a Lábrea

Pombal – Paraíba

Igreja matriz de São Pedro, em Pombal-PB. (Foto: Landisvalth Lima)

Neste episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, vamos conhecer uma cidade das antigas. Trata-se de Pombal, na Paraíba, a quarta cidade mais antiga do estado e o primeiro núcleo de habitação do sertão paraibano, fundada no fim do século XVII. Pombal faz limites com os municípios São Bentinho, Cajazeirinhas, São Domingos, Paulista, Lagoa, Aparecida e Condado. Sua área Territorial é de 894,098 km², abrigando uma população de 32.473 pessoas – censo de 2022, perfazendo uma densidade demográfica de 36,32 hab/km². Para este ano de 2025, o IBGE estimou sua população em 33.866 pessoas. Pombal fica distante de João Pessoa por 376 km.

Antiga Cadeia pública onde hoje funciona a Casa da Cultura. (Foto: Landisvalth Lima)

A história do município de Pombal começa em 1695, quando o capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo se encontrava no sertão das Piranhas, no lugar conhecido como Arraial do Pinhancó, na tentativa de fundar uma povoação. O grande impedimento eram os índios tapuias, tribos Tarairiús – Curemas e Panatis, que habitavam a região. Teodósio, então, no ano de 1697, viajou para a capital da Província e solicitou ao governador Manoel Soares de Albergaria soldados, mantimentos, armas e munições para expulsar os índios do lugar. Atendido, Oliveira Ledo retornou e conseguiu vencer os indígenas. No ano seguinte, exatamente em 27 de julho de 1698, funda a Povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Pinhancó – certidão de nascimento de Pombal.

O nome Vila Nova de Pombal, diz respeito à Carta Régia de 22 de julho de 1766, que orientava os administradores de vilas a denominá-las com nomes de localidades e cidades de Portugal. Não se trata de homenagem ao Marquês de Pombal. Em 04 de maio de 1772, foi a Povoação do Pinhancó elevada à categoria de vila, com a denominação de Vila Nova de Pombal, em homenagem a cidade portuguesa de mesmo nome. Na mesma data ocorreu a criação da Câmara de Vereadores e sua Emancipação Política, sendo indicado para administrar a vila o capitão-mor, Francisco de Arruda Câmara.

Igreja Nossa Senhora do Rosário, edificada no início do século 18. (Foto: Landisvalth Lima)

Sua condição de distrito só ocorreu em 15 de outubro de 1827, já com a denominação de Pombal. Foi a Lei Provincial n.º 68, de 21 de julho de 1862 que elevou Pombal à condição de cidade e sede municipal, composto apenas de um distrito-sede. O projeto de lei foi sancionado pelo Presidente da Paraíba, Francisco de Araújo Lima. Na época, as edificações residências não passavam de cem casas, formando três ruas. Pombal tinha ainda a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que depois passou a se chamar de Nossa Senhora do Rosário – a Casa do Mercado, um Cemitério, a Casa da Câmara e a Cadeia.

Nas divisões territoriais de 1936, Pombal aparece com 4 distritos: Pombal, Lagoa, Malta e Paulista. Em 1950, Pombal ganhou um novo distrito: Várzea Comprida, e, em 1963, é criado o distrito de Cajazeirinhas. Quase todos os seus distritos viraram municípios, exceto Várzea Comprida, que até os dias atuais faz parte do município de Pombal. Portanto, agora em 2025, Pombal está completando 327 anos de fundação. 254 anos de vila e emancipação política e 166 anos do seu aniversário como cidade.

Cruzeiro do Odro. Erguido para marcar a passagem do século !8 para o seguinte. (Foto: Landisvalth Lima)

A cidade de Pombal localiza-se no alto sertão da Paraíba, servida pela BR 230 e ainda as rodovias paraibanas 335, 338, 426 e 427. É a cidade-mãe de muitos municípios da região e possui inúmeros marcos históricos. Um deles é a Velha Cadeia, que mantêm ainda suas linhas arquitetônicas, denunciando em nosso tempo a introdução de um marco da era imperial no alto sertão paraibano. Alicerçada no ano de 1848, famosa porque hospedava presos perigosos do Estado e cangaceiros da década de 1920. Estiveram presos nela Donária dos Anjos, Rio Preto, Chico Pereira, dentre outros. A Velha Cadeia hoje é a Casa da Cultura.

Coluna da Hora. (Foto: Landisvalth Lima)

Fatos importantes de Pombal precisam ser relembrados. Em 1927 é inaugurada a Estação da Luz, com motor movido a óleo diesel, tecnologia avançada para a época. Anta s dessa inovação, toda a cidade era clareada por uma iluminação a bico de lamparinas, candeeiros, velas e lampiões. As luzes foram instaladas apenas nas casas residenciais, com horas marcadas para acender e apagar. Quando chegou o fornecimento da energia elétrica pelas turbinas do açude de Coremas, a Estação do Trem tornou-se um ponto de encontro nos dias da passagem da “Maria Fumaça” e o passeio noturno até a Pedra da Estação ficou bem mais divertido. Vale destacar ainda a Coluna da Hora, um dos cartões postais da cidade. Inaugurada em 1940, possui 4 relógios sincronizados marcando as horas para toda a cidade. O coreto, inaugurado em 1962, hoje é o Bar Centenário. O primeiro Grupo Escolar de Pombal foi construído na seca de 1932.

Praça e avenida principais de Pombal-PB. (Foto: Landisvalth Lima)

Curioso foi como surgiu o cruzeiro que está erguido na frente da igreja Nossa Senhora do Rosário. Na passagem do século 18 para o 19 tiveram a ideia de registrar a passagem com algo duradouro que servisse de referencial para as futuras gerações. Daí nasce o cruzeiro. Um segundo foi construído cem anos depois próximo do sistema de tratamento de água da Cagepa e um terceiro está erguido na entrada da cidade, ao lado da casa grande da fazenda Altinho de Dona Neca, para marcar a passagem do século anterior para o atual.

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Apesar de saber que muitas construções antigas foram derrubadas, descaracterizando a arquitetura tricentenária de Pombal, a cidade ainda mantém seu espírito de longevidade. A mistura do antigo com o moderno e o ultramoderno dá à Pombal um ar eclético sofisticado, tornando sua paisagem urbana harmônica, apesar dos contrastes. Essa mistura pode ser vista como um reflexo da identidade cultural da cidade, mostrando como ela evoluiu ao longo do tempo sem apagar suas raízes.

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