Procuradora vira prefeita numa cidade onde ninguém queria o cargo

Num país onde as leis são feitas mais para proteger o individual que o coletivo, fatos como os narrados a seguir deixam de ser assombrosos. A cidade de Olindina vive uma situação inusitada: Ninguém queria assumir a prefeitura. O titular está com Covid-19, internado no Hospital São Rafael, em Salvador. O vice não quer assumir para não ficar inelegível, afinal, é mais importante sua carreira política que a administração do município por alguns dias ou meses. O presidente do legislativo, idem. Em suma, caiu no colo da procuradora da cidade, Bianca Bittencourt. Ela foi nomeada prefeita interina neste sábado (19). Olindina estava há pelo menos 17 dias sem gestor por conta do afastamento do prefeito Vanderlei Caldas.
O prefeito de Olindina está internado desde o dia 2 de setembro. O resultado positivo para Covid-19 foi divulgado no dia 24 de agosto, nas redes sociais da prefeitura. Dias depois ele foi hospitalizado em Olindina e transferido para o Hospital São Rafael. O impasse veio quando o vice-prefeito, o ex-deputado estadual Carlos Ubaldino, pediu licença para não ocupar o cargo interinamente. Ele ficaria inelegível, o que não ocorre com prefeitos que disputam reeleição ou com os vices efetivados nos cargos dos titulares. Coisas do Brasil! A licença do vice-prefeito foi negada pela Câmara, mas ele apresentou um atestado médico e alegou afastamento por questão de saúde, sem nunca ninguém saber que ele estava doente.

O próximo na sucessão deveria ser o presidente da Câmara de vereadores, Albérico Ferreira. Como também é candidato a reeleição, não assumiu para não ficar inelegível. Está claro nesta demanda que Olindina pouco importa. Mais vale um mandato garantido que uma cidade inteira ao deus dará. Depois de 17 dias sem comando, a câmara municipal de Olindina entregou um mandato tampão, nomeando a procuradora do município, Bianca Bittencourt, numa sessão extraordinária. O povo de Olindina está torcendo pela franca recuperação do titular do cargo, porque se algo pior acontecer, o imbróglio jurídico trará mais caos.