Santa Luzia – Paraíba

Ainda seguindo pela BR 230 na Paraíba, vamos chegar a Santa Luzia, cidade que conheceremos hoje. Santa Luzia fica logo depois de Junco do Seridó, em direção a Patos, localizado no Sertão do Seridó Paraibano, integrante da Região Metropolitana de Patos. A cidade é cercada por vários reservatórios de águas, inclusive o maior deles, o açude público de Santa Luzia, no rio Chafariz. Localizada no rebordo ocidental do Planalto da Borborema, o município é dominado por três grandes paredões: a Serra da Borborema, Serra do Pinga e Serra da Tubiba, além de morros menores como a Serra do Cabaço, Pilãozinho, Riacho do Fogo, Porcos, Favela, Redonda e Yayú. Além do rio Chafariz, Santa Luzia conta com o riacho do Saco e riacho do Fogo, ambos desaguando no açude público de Santa Luzia. Importante riqueza é a nascente intermitente do Quipauá, que forma o rio do mesmo nome e facilita a vida do seu povo em épocas de forte verão. A área territorial de Santa Luzia e de 440,766 km², abrigando uma população de 14.959 pessoas, censo de 2022, perfazendo uma densidade demográfica de 33,94 hab/km². Santa Luzia faz limites com São José do Sabugi, Várzea, Salgadinho, Passagem, Junco do Seridó e São Mamede. Fica distante de João Pessoa por 260 kms. Sua população estimada para 2024 foi de 15.387 pessoas.

No início do século 18, talvez tenha ocorrido o primeiro contato dos indígenas com os primeiros desbravadores que se tem notícia: Sargento-Mor Matias Negreiros, Alferes Marcos Rodrigues Cabral e Manoel Monteiro. Falam que eles chegaram na região do Sabugi – que na linguagem tupi significa “rio rumoroso”, em 1702, com a ocupação de vasta área de terra. Na extremidade formou-se um povoado, então chamado de Moicó ou Moinocó. Naquela primeira década do século 18, Isidoro Ortins de Lima ali se estabeleceu e construiu currais de gado, junto à cachoeira do Ingá. Outro, o português Geraldo Ferreira, foi o primeiro a edificar casa em terreno onde hoje se situa a Cidade. Tornou-se proprietário de inúmeras glebas, mais tarde passadas a seu sobrinho, Geraldo Ferreira Nunes Sobrinho, vindo de Mamanguape. Com a morte do tio, seu herdeiro acrescentou ao patrimônio uma sesmaria, no riacho do Saco, concedida no Governo de Francisco Xavier de Miranda Henriques.

Em 1773, Geraldo Nunes Sobrinho edificou a capela de Santa Luzia e, em 1857, foi criada a paróquia do mesmo nome. Neste mesmo ano, foi também criado o distrito de Santa Luzia do Sabugi, pela lei provincial nº 14, de 06 de outubro de 1857. No ano de 1866, chegou à localidade o missionário nordestino, Padre Ibiapina, que ampliou o açude construído por Geraldo Nunes Sobrinho, chamado então Açude da Caridade e, depois, Açude Padre Ibiapina. Não demorou muito a povoação crescer e chamar atenção de quem por ali passava. A lei provincial nº 410 de 14 de novembro de 1871, elevou o local à categoria de vila, com a denominação de Santa Luzia do Sabugi, desmembrado de Patos e formado de um único distrito. O município foi devidamente instalado em 27 de junho de 1872.

Em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936, o município de Santa Luzia do Sabugi aparece constituído de 2 distritos: Santa Luzia do Sabugi, a sede – e São Mamede. Dois anos depois, decreto-lei estadual nº 1.164, de 15 de novembro de 1938, o município de Santa Luzia do Sabugi passou a denominar-se simplesmente de Santa Luzia. Em 1943, Santa Luzia passa a ter 4 distritos: Santa Luzia, a sede – Caapoã, Sabugirana e São Mamede. Cinco anos depois, pelo decreto-lei nº 520, de 31 de dezembro de 1943, o município de Santa Luzia passou a denominar-se Sabubi, mas o nome foi ignorado pelo povo. Na Constituição Estadual da Paraíba, de 11 de junho de 1947, o nome Santa Luzia volta oficialmente a denominar o município. Mais tarde, outra lei estadual nº 318, de 07 de janeiro de 1949, os distritos de Santa Luzia mudam de nome. Caapoã passou a denominar-se São José do Sabugi, Sabugirana a denominar-se Várzea e ainda pela mesma lei é criado o distrito de Junco de Seridó e anexado ao município de Santa Luzia, que passa a ter 5 distritos: Santa Luzia, Junco do Seridó, São José do Sabugi, São Mamede e Várzea. Pela lei estadual nº 973, de 02 de dezembro de 1953, é desmembrado do município de Santa Luzia o distrito de São Mamede, elevado à categoria de município. Em 1961, os distritos de Junco do Seridó, São José do Sabugi e Várzea são emancipados, desmembrados de Santa Luzia, que passa a ter apenas um único distrito, situação que perdura até os dias atuais.

É a BR 230, a Transamazônica, que faz o acesso rodoviário, ligando o município João Pessoa. A mesma rodovia liga Santa Luzia a Junco do Seridó e São Mamede. Além da Transamazônica, há a PB-221 que segue para São José do Sabugi e a PB-233 que liga à cidade de Várzea, todos com revestimento asfáltico. Estas vias permitem o escoamento da produção agropecuária local, pautada na criação bastante significativa de caprinos e ovinos. Além disso, há a agricultura de subsistência, como milho e feijão. Também tem Santa Luzia o setor de serviços e comércio suficientemente desenvolvidos, com importância destacada na geração de empregos e renda. Santa Luzia abriga o Parque Eólico Chafariz, um dos maiores do Brasil, que impulsiona a economia regional. É considerada uma das cidades com melhor qualidade de vida da Paraíba, segundo o Índice de Progresso Social Brasil (IPS-Brasil), com altos índices de moradia adequada, iluminação elétrica e coleta de resíduos; bons indicadores de cuidados médicos básicos, acesso ao conhecimento básico e à informação considerado satisfatório. A cidade é famosa pelo seu São João, conhecido como o “Melhor Arrasta-pé do Brasil”, além da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e da Padroeira Santa Luzia. Cercada por açudes, Santa Luzia é chamada carinhosamente de “Veneza Paraibana”, o que dá à cidade um charme especial e reforça seu papel como polo cultural e social no Sertão do Sabugi.