São Mamede – Paraíba

Neste episódio de BR 230 – Transamazônica – de Cabedelo a Lábrea, Contraprosa vai mostrar uma cidade interessante. Seu nome é São Mamede, município paraibano incluso na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, localizado na divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte. São Mamede faz limites com Ipueira – no Rio Grande do Norte; Patos, Quixaba, Passagem, Santa Luzia, Várzea e São José de Espinharas. Sua área territorial é de 533,446 km², abrigando uma população de 7.470 pessoas, censo de 2022, o que permite uma densidade demográfica de 14,00 hab/km². O IBGE estimou sua população para 2024 em 7.640 pessoas. São Mamede é servido pelas rodovias BR 230 e PB 251. Fica distante de João Pessoa por 283 kms.

A história de São Mamede começa no início do século 18, quando, em 1702, um grupo liderado pelo Sargento-Mor Matias Vidal de Negreiros, acompanhado dos alferes Rodrigues Cabral e Manoel Monteiro, descobriu o local onde se situa atualmente o município de São Mamede. Seis décadas depois, através do requerimento de Manoel Tavares Baia, foi concedida a Sesmaria nº 568, em 28 de janeiro de 1762, sob aprovação do então Governador Francisco Xavier de Miranda Henriques. Demorou muito para a consolidação de uma povoação no lugar, o que aconteceu apenas a partir de 5 de abril de 1903, por iniciativa de Manoel Augusto de Araújo e Manoel Faustino da Costa, fazendeiros da região. No mesmo dia, foi celebrada a 1ª missa e realizada a 1ª feira pelos habitantes do local e das cidades vizinhas.
São Mamede crescia e em 1937 figurava como povoado no município de Santa Luzia do Sabugi. Nas divisões territoriais feitas em 1950, São Mamede aparece como distrito do município de Sabugi, ex Santa Luzia do Sabugi. Sua emancipação ocorreu pela lei estadual nº 973, de autoria do então deputado estadual Napoleão Abdon da Nóbrega, datada em 2 de dezembro de 1953, elevado à categoria de município com a denominação de São Mamede, desmembrado de Santa Luzia, constituído de um único distrito sede. A instalação definitiva ocorreu em 1º de maio de 1954. O primeiro prefeito foi Mizael Augusto de Oliveira Filho, nomeado para o cargo. A primeira eleição no município só aconteceu no dia 03 de outubro de 1955, com um total de 2.032 eleitores, quando foi eleito Inácio Bento de Morais, da UDN, como prefeito e mais 7 vereadores.

É bastante significativa a devoção católica em São Mamede, desde que, no dia 11 de janeiro de 1957, Dom Zacarias Rolim de Moura, publicou o decreto que instituía a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição desligando-se da paróquia de Santa Luzia. No mesmo ano, em 1º de junho, foi feita a constituição Canônica da Paróquia de São Mamede, sendo Pe. Milton Arruda de Alencar nomeado o primeiro vigário. São Mamede também ficou conhecido pelas missões católicas de Frei Damião, considerado um santo pelos nordestinos. A tradicional festa de Nossa Senhora da Conceição, realizada no período de 28 de novembro a 8 de dezembro de cada ano, é o ponto alto do catolicismo no município. Nos anos 1980, chegaram também os evangélicos. Hoje também é forte o protestantismo em São Mamede, iniciado pela Assembleia de Deus.
A atividade econômica do município baseava-se na cultura do algodão, além da agricultura de subsistência, com plantações de feijão, milho, batata doce, arroz e cana de açúcar, que persiste até os dias atuais. Havia outrora uma usina de beneficiamento de algodão, que chegou a representar 80% do PIB local. Na pecuária destaca-se a produção de leite e gado de corte, sempre abalada pelos anos de seca. O comércio da cidade é suficiente para atender sua população e tem ainda uma agência do Banco do Brasil. São Mamede também tem um grande reservatório de água, o Açude São Mamede, com águas represadas do rio Sabugi, ao lado da rodovia Transamazônica. Seu patrimônio cultural mais popular são os festejos juninos, tradição vivida ao som do forró pé de serra, além das quadrilhas pelas ruas da cidade, comidas típicas, os arraias nas comunidades e nas escolas, com pau de sebo, casamento matuto, cavalhadas, corridas de jegue e demais, tudo para prestigiar os hábitos locais e louvar Santo Antônio, São João e São Pedro.

Artéria fundamental para que o desenvolvimento de São Mamede caminhe sempre adiante é a BR-230, a Transamazônica. Ela permite a integração de São Mamede com todo o Nordeste, facilitando o transporte de pessoas e mercadorias. Produtores rurais e pequenos empreendedores locais dependem da rodovia para levar seus produtos a mercados consumidores, especialmente agrícolas e artesanais. Também é sabido que a rodovia facilita o deslocamento de moradores para cidades vizinhas com hospitais, universidades e centros especializados. Como parte da Transamazônica, a BR-230 insere São Mamede em um eixo estratégico que vai do litoral da Paraíba até o interior do Amazonas, reforçando sua posição no mapa logístico do país.