Soledade – Paraíba

Ao longo dos seus mais de 4 mil quilômetros, a Transamazônica guarda inúmeros tesouros, verdadeiras joias construídas ao longo dos tempos pelas mãos calejadas e hábeis dos seus desbravadores e nativos. No episódio de hoje, conheceremos uma maravilha de cidade. Seu nome é Soledade, substantivo derivado do da palavra latina solitas, que significa “estado de estar só”. Isso não quer dizer que o local nos traz solidão, mas tranquilidade. A BR 230 passa bem ao lado da principal praça da cidade, repleta de casarões erguidos no século 19. O destaque fica com a Igreja Matriz de Nossa Senhora Santa Ana, cartão de visita e convite de boas-vindas a quem trafega pela rodovia.

Soledade é a porta de entrada do Cariri. Ao chegarmos na cidade, ficamos hospedados no Hotel Portal do Cariri, empreendimento do casal Daniel e Sandra. Ótimas acomodações, atendimento nota 10, estacionamento, preço que cabe no bolso e fácil localização. Reservas e informações pelo telefone (83) 9.9920-5020 ou vá direto para a rua João Souto Nóbrega, nº 36, em Soledade, na Paraíba. A cidade tem uma área territorial 578,178 km², abrigando uma população de 13.968 habitantes, censo de 2022, o que permite uma densidade demográfica de 24,16 hab/km². Soledade faz limites com Juazeirinho, São Vicente do Seridó, Pocinhos, Olivedos, Gurjão e Boa Vista e está localizada a 185 km da capital João Pessoa, e a 54 km de Campina Grande. Soledade teve sua população estimada para 2024 em 14.381 pessoas. O município está situado no Cariri paraibano, polarizando grande parte do Curimataú e Seridó do estado. Ao todo, a região concentra doze municípios: Soledade, Boa Vista, Pocinhos, Olivedos, Cubati, São Vicente do Seridó, Juazeirinho, Tenório, Junco do Seridó, Assunção, Santo André e Gurjão.

A formação de Soledade começa por volta do século XVIII, mas seus registros históricos sólidos têm início numa região originalmente conhecida como Malhada das Areias Brancas, parte de uma fazenda adquirida pelo português João Gouveia e Sousa. O marco inicial da formação urbana foi a construção de um cemitério em 1864, orientado pelo missionário Padre Ibiapina, para sepultar vítimas da epidemia de cólera-morbo que assolava a região. Foi neste local onde surgiu uma capela, que mais tarde se tornou a Igreja Matriz de Nossa Senhora Santa Ana, em torno da qual cresceu a povoação. Sua condição de distrito só aconteceu pela Lei provincial nº 682, de 3 de outubro de 1879. Seis anos depois, o distrito de Soledade passou à condição de vila, município independente, pela Lei nº 791, de 24 de setembro de 1885, desmembrado de São João do Cariri.

Mas a condição de município independente de Soledade enfrentou muitos problemas. Em 21 de outubro de 1891, a sede do município foi transferida para a povoação de Pedra Lavrada, condição que durou até 21 de março de 1892, quando tudo voltou a ser como antes. Na década de 1930, Soledade tinha 4 distritos: Soledade, a sede – Juazeiro, Santo Antônio e São Francisco. Em 1938, pelo decreto estadual nº 1.164, de 15 de novembro daquele ano, o município passa para Juazeiro e Soledade fica como simples distrito. Pelo decreto-lei estadual nº 520, de 31 de dezembro de 1943, o distrito de Juazeiro passou a denominar-se Ibiapinópolis. Ainda pelo referido decreto-lei, a sede municipal voltou para o antigo distrito de Soledade com a denominação de Ibiapinópolis. Nesse mesmo decreto, o distrito de Juazeiro passou a denominar-se Juazeirinho, São Francisco a Chamar-se Olivedos e Santo Antônio ficou como Seridó. O nome Soledade só voltou a figurar pela lei estadual nº 124, de 17 de setembro de 1948. Com os vários distritos sendo emancipados ao longo da história, hoje, Soledade é composto de 2 distritos: Soledade – a sede, e Bom Sucesso.

A Transamazônica é de suma importância para que Soledade cresça e apareça. A cidade está estrategicamente localizada no acesso para o Cariri, o Curimataú e o Sertão paraibano. O charme da cidade é a presença do patrimônio arquitetônico histórico, como a antiga estação ferroviária e o mercado público. Não é exagero afirmar que Soledade é uma cidade que pulsa com tradição, fé e empreendedorismo. Não se pode deixar de registrar a Festa de Nossa Senhora de Lourdes, celebrada em fevereiro, uma das maiores manifestações religiosas da cidade, com romarias, missas e eventos culturais. Também não podem faltar o São João e o Carnaval. As festas juninas são marcadas por quadrilhas, forró pé-de-serra e comidas típicas. O Carnaval tem blocos de rua e muita música regional. Tem o Festival do Queijo, evento que une gastronomia, cultura e empreendedorismo, com concursos, oficinas e shows musicais. Em Soledade há a Casa de Cultura e Feira de Artesanato, espaços dedicados à valorização da arte local, com peças em crochê, cerâmica e madeira. Por fim, tem o Solvoz Regional, um concurso musical que revela talentos locais e movimenta a cena artística da cidade.

Na economia, um dos destaques é a criação de caprinos, mas o principal em Soledade é a produção de leite e queijos. O município produz cerca de 15 mil litros de leite por dia, gerando mais de R$ 1 milhão por mês em receita. Claro que os derivados do leite ganham corpo como os queijos artesanais. Os favoritos são o queijo manteiga e o queijo coalho. Mas os caprinos não ficam de fora. Há grande produção de leite de cabra e derivados como iogurte e requeijão. Em Soledade há um corredor gastronômico ao longo da BR-230. Reúne bares e restaurantes que oferecem pratos criativos à base de queijo, como hambúrgueres, pamonhas recheadas e coxinhas de batata doce. A agricultura familiar é forte e representa 45% da economia local, com destaque para milho, feijão e algodão. A cidade também sedia campeonatos esportivos, festivais culturais e está investindo em cicloturismo e trilhas ecológicas. E o principal: a cidade é encantadora, de um povo alegre, festivo e amigueiro. Soledade é limpa, organizada e atraente. Um espaço urbano para visitar, viver e transformar a vida em algo inesquecível.