Um genocídio a caminho
*José Socorro
O tema é assustador, mas não consigo ver outro cenário com as atuais medidas adotadas pelos os estados e municípios da nossa nação. Os números de novos infectados e óbitos diários são expressivos. Hoje ultrapassamos a marca de 30 mil novos casos em 24 horas, além das 1.005 mortes no mesmo espaço de tempo.
Hoje temos mais de 645 mil casos de infectados e 35 mil vidas ceifadas em consequência desse vírus. Ainda somos o segundo colocado em números de doentes da Covid-19, ficando atrás do Estados Unidos, e somos o terceiro em números de óbitos. Mas é só uma questão de dias, logo vamos ultrapassar o Reino Unido e, se não revirem essas medidas absurdas de afrouxamento, podemos ser o campeão em tudo. Isso porque temos uma população aproximada de 212 milhões de habitantes, onde a desigualdade é real. São milhões de pessoas que não têm acesso à água potável, saneamento e moradias dignas, sem esquecer dos moradores de ruas e do grande número de encarcerados.
Todos estes aspectos só tendem a aumentar os números de casos catastroficamente. A maioria dos estados e municípios já estão acima dos 60% das ocupações dos leitos de UTI, a rede privada está também no limite. Assim, todos tendem a correr para o SUS, que é um sistema de saúde universal. O Rio Grande do Norte já está colapsado, além de Pernambuco e o Amazonas. Aqui em nosso estado, apesar do governador afirmar que chegamos ao platô, os casos aumentam a cada dia. Em Sergipe, que é o menor estado da federação, já conta quase 9 mil infectados e 198 óbitos e, mesmo assim, é mais um que está flexibilizando.
O Brasil está fazendo o oposto dos outros países, que só depois de medidas duras, testagem em massa e avaliações minuciosas das suas estruturas de saúde, é que estão começando a flexibilização gradual. Atualmente somos o epicentro da Covid-19 e temos várias situações agravantes, começando pela falta de um comandante, de um ministro da saúde de carreira, de testagem em massa, de estruturas hospitalares e humanas, de medidas eficazes e a falta de amor próprio e coletivo da nossa população. E fazendo a junção com os tópicos mencionados acima, infelizmente temos tudo para sermos os primeiros do ranking em números de infectados e de óbitos.
A dor é inevitável
O sofrimento é opção.
(Carlos Drummond de Andrade)
*Jose Socorro é colaborador do Contraprosa.