Trafegando pela rodovia SE 200, na altura do povoado Betume devemos seguir pela estrada que liga este povoado à sede do município de Neópolis, no Estado de Sergipe. A rodovia segue margeando o Rio São Francisco e vai além de Neópolis, chegando ao município de Santana do São Francisco e indo ainda à localidade de Prainha da Saúde. Mas hoje ficaremos para conhecer Neópolis, distante 121 quilômetros de Aracaju. A cidade é considerada a capital sergipana do frevo. Na época do carnaval, a tradição é mantida com o desfile do bloco do Zé Pereira. O frevo pernambucano baixa por estas bandas e invade as ruas de Neópolis. Milhares se divertem cantando e dançando ao som de marchinhas do grande Mestre Capiba. Nessa época a população da cidade cresce de forma exponencial.
Neópolis está situada às margens do Rio São Francisco, e faz limites com Propriá, Japoatã, Pacatuba, Ilha das Flores e Santana do São Francisco – em Sergipe, e com Penedo – em Alagoas. Por sinal, é possível ver a cidade alagoana a partir de Neópolis e, via balsa, adentrar em território do estado vizinho. Uma ponte está sendo construída entre as duas cidades, e deverá ser construída na sequência da SE 335, rodovia que fica logo depois da cidade na direção de Santana do São Francisco. A SE 335 permite o acesso à SE 200, caminho mais célere para a cidade de Propriá e a BR 101. A área Territorial total do município de Neópolis é de 271,323 km², abrigando uma população residente de 16.426 pessoas, segundo Censo IBGE 2022. A densidade demográfica é de 60,54 hab/km².
Neópolis – Sergipe
A história de Neópolis passa pela invasão de exploradores holandeses disfarçados de religiosos catequizadores, estratégia orquestrada pelo governador da Nova Holanda, príncipe João Maurício de Nassau no século XVII. Lutas fora travadas contra os Tupinambás, escravizados ou dizimados anos depois. Dominar Neópolis significava estar mais perto do domínio da Vila do Penedo do São Francisco. Por volta de 1637, os holandeses invadem a Vila do Penedo onde instauram o Forte Maurício do Penedo. Foram expulsos oito anos depois pelos portugueses, que se estabeleceram na região por volta de 1678. É neste ano que a aldeia de Santo Antônio de Villa-Nova do Rio São Francisco é estabelecida em uma colina da margem direita do Rio São Francisco, defronte a Vila do Penedo. Nasce a povoação e no ano seguinte é elevado à categoria de freguesia em 18 de outubro de 1679.
As terras foram doadas a Antônio de Britto Castro, pelo rei de Portugal, com o compromisso de serem construídas no local 30 casas, cadeia, pelourinho e casa de câmara. Em 1683, o filho do donatário, Sebastião de Britto de Castro, requereu a nomeação em substituição a seu falecido pai. Em decorrência disso, a Coroa procurou informação para saber se as cláusulas da doação tinham sido cumpridas. Ele informou, em 1689, que todas as exigências da doação haviam sido cumpridas, inclusive que a vila já contava 200 moradores. Para comprovar se a informação era verdadeira, em 29 de novembro de 1689 a Carta Régia manda o ouvidor de Sergipe fazer uma vistoria, quando foi constatado que o donatário não havia cumprido o acordo. Os prédios eram frágeis, cobertos de palha, em vez de serem construídos de alvenaria e madeira para resistir à ação do tempo. Por causa disso, a vila volta ao patrimônio da Coroa, passando a se chamar Vila Real do São Francisco.
Em 1733, a povoação foi elevada oficialmente à categoria de vila com a denominação de Vila Nova Del Rei. Em 1817, ela perde quatro quintos do seu território para a criação da freguesia de Santo Antônio do Urubu de Baixo, hoje Propriá. Em 6 de março de 1835, recebe pela Lei provincial a categoria de comarca com a designação de Vila Nova do Rio São Francisco, passando a ser subordinada a Propriá e Porto da Folha. Em 1857, a comarca foi transferida para Propriá. Em 23 de novembro de 1910, a vila é elevada à categoria de cidade, através da Lei estadual 583, com a mesma designação de Vila Nova, sendo seu primeiro prefeito Antônio Ataíde. O decreto-lei nº 272, da Interventoria Federal no Estado, de 30 de abril de 1940, dá à cidade a designação de Neópolis.
Neópolis tem muitas manifestações culturais. São grupos de Reizado, Samba de Coco, além do conhecidíssimo e disputado carnaval de rua, considerado por muitos o segundo melhor carnaval de frevo do mundo, perdendo apenas para o carnaval de Olinda, no Estado de Pernambuco. Com bandas de frevos e trios elétricos, a cidade ferve no mês de fevereiro. Todos os foliões se divertem jogando farinha de trigo e água misturada com suco em pó, tradição Neopolitana que atrai multidões do país inteiro. Neópolis é cenário de turismo religioso. A cidade é guardiã da segunda igreja mais antiga do Estado de Sergipe, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual através do Decreto 4.990 de 23 de abril de 1981. Há muitas relíquias sacras de inestimável valor na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que remontam aos séculos XVIII e XIX.
Uma visita ao município de Neópolis é um benefício incomensurável. Além da história da construção desta civilização, há um mundo de atrações que farão do visitante, pelo menos durante sua estada, alguém no centro das coisas felizes. Além do mais, o povo ribeirinho do Velho Chico sabe como cativar o turista, fazendo a gente marcar uma nova data de retorno ao lugar. Afinal, ninguém quer ser feliz apenas uma vez.