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Em que buraco nos metemos?

Imagem: Copilot

Cada dia mais eu me perco tentando compreender este mundo.

Está tudo de cabeça para baixo. A relação entre o eu e o outro, que era antes pautada em conceitos como moral, honra, caráter, ética, está virando uma mistura de selvageria com egocentrismo. É algo parecido com uma espécie de conquistar objetivos a qualquer preço, e depois contornar os problemas. A prática é comum em nações com controle de liberdade dos seus habitantes, governadas por autocratas e ditadores.

E isso não acontece apenas na geopolítica mundial. Até no mais remoto canto de qualquer país do mundo, há algo que está mudando comportamentos sem seguir parâmetros antes considerados aceitáveis. O Papa Leão XIV foi feliz com sua pregação de construção de pontes como base para o fim dos conflitos. Perfeito. Mas até isso está sendo manipulado pela propaganda de inúmeros países.

Vejam o caso do nosso. Ao participar das comemorações russas pelos 80 anos da vitória sobre a Alemanha, os petistas podem afirmar que Lula está construindo pontes. Isso pode sim aumentar as relações comerciais conosco, mas há um custo inaceitável. A Rússia invadiu uma nação democrática, fez derramar sangue de ucranianos e deve atingir agora um número extraordinário de quase 1 milhão de baixas no seu exército. Como ficaremos diante de tanta injustiça? Será que bastará pregar a paz, aconselhar Putin a terminar com a guerra seria suficiente?

Vamos agora aos EUA. A maior nação econômica do planeta, e suposta maior democracia do mundo, tem um presidente que acha que sua nação voltará a ser grande novamente metendo altas taxas de importação e brigando com os aliados. Pior, quer que o Canadá seja um novo estado americano, pretende anexar a Groenlândia ao seu território e elegeu o imigrante como o seu inimigo número 1. Tenho a impressão de que estamos diante de meninos brincando de donos do mundo e cada um fazendo birra para conquistar seus desejos. Isso é surreal!

Vejamos agora a nossa Câmara dos deputados, em Brasília. As leis perderam o valor. O que vale é a vontade da maioria, seja para o bem ou para o mal. Com o Censo do IBGE 2022, o número de deputados deveria ser modificado naqueles estados onde a população diminuiu ou aumentou além do esperado. Nada demais. Era a regra e estava estabelecida. Aí vem nossos representantes e resolvem aumentar o número de deputados para burlar as regras estabelecidas constitucionalmente. Além disso, foi além da lei para que o STF suspendesse o processo que envolve o deputado Ramagem (PL – RJ) numa trama golpista anunciada em prosa e verso. Isso é grave! É gravíssimo!

Aqui na nossa Bahia de meu Deus, nosso governador está colocando os pés pelas mãos. Conversando com um advogado da Ajuds, uma associação jurídica que busca direito dos servidores na Justiça, afirmou que várias liminares estão sendo proteladas pelo governo. São professores e aposentados que ganharam o direito de receber o piso salarial e outras conquistas. Os advogados estão boquiabertos porque o Estado da Bahia não está cumprindo as decisões judiciais. Será que chegaremos ao ponto de alguém ter que pedir a prisão do governador? Porque seria isso que aconteceria com os seres humanos comuns, caso não cumprissem decisões judicias!

Mas até mesmo a Justiça tem das suas. Há casos que gritam e fazem todos pensarem nosso poder judiciário como algo que tem dois pesos e duas medidas. Vejam a peleja da eleição da Câmara Municipal de Paripiranga. O caso já tem decisão do TSE e a heliopolense Neide, irmã do ex-vereador Renilson, está consolidada como presidente daquela casa. Por outro lado, o processo que decidirá o futuro da Câmara Municipal de Heliópolis, que foi protocolado em data anterior, sequer tem decisão da justiça eleitoral de Ribeira do Pombal. Sempre o que interessa aos amigos recebe celeridade. Aos inimigos, a justiça segue montada numa tartaruga, em estrada interditada. Tudo está claro, claríssimo!

Não vou aqui nem falar na desgraça que é a compra de votos nas eleições da nossa região. Os casos de Heliópolis e Cícero Dantas foram escandalosos e transformarão os orçamentos destes municípios em peça de ficção. Licitações forjadas cairão do céu como drones camicases sobre tropas adversárias. Matarão pessoas com a falta de saúde, com a ignorância, com a falta de oportunidades e a criação de funcionários fantasmas. Estes últimos, frequentadores de redes sociais, defensores bestiais de prefeitos corruptos e vereadores adesistas.

Ou seja, minha gente, estamos num inferno. A autocracia está tomando conta dos nossos governos como um câncer em estado avançado de metástase. O poder está sendo uma oportunidade para separar, desunir, criar muros. Parece que cada um está demarcando o terreno e dizendo que aquele é seu, desrespeitando tudo, até mesmo a Constituição de cada nação, estado ou município. Este caos é um prenúncio de algo pior que vem por aí, caso não tenhamos a capacidade de perceber o buraco em que nos metemos.

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